sábado, 15 de outubro de 2011

Andrezinho






Temos hoje no Brasil uma bela safra de jogadores de futebol. O time campeão mundial sub-20  já seria uma boa base para a olimpíada de Londres sem contar com nomes como Pato, Rafael,. Renan Oliveira etc. Se formos pensar em 2014 as perspectivas também são boas. Neymar, Ganso, Casemiro e Lucas já são jogadores testados em seleção de base e em seus clubes Todos grandes jogadores, E tem mais.Muito mais.
Agora, jogador completo só tem um. É o Andrezinho.
O engraçado é que ele nem sequer consegue ser titular absoluto de seu time e muito menos ser citado como provável convocado para a seleção. A imprensa o ignora. O máximo que ele merece é um discreto elogio mesmo depois de ter comido a bola como fez no jogo contra o Atlético no qual foi substituído lá pelos trinta minutos do segundo tempo. Substituição inexplicável. Naquele momento do jogo ele ditava o ritmo do meio campo. Como sempre dava continuidade a todas as jogadas que passavam pelos seus pés. Como sempre aparecia livre para receber a bola que havia sido roubada por um companheiro. Errou pouquíssimos passes embora seja o tipo de jogador de dois toques, daqueles que antecipam as jogadas. Seu futebol é simples, instintivamente foge da marcação, pois é jogador brasileiro, gosta de jogar livre e evita o corpo a corpo. Defende com persistência, marca bem, passa como poucos e aparece para finalizar. Como se isso fora pouco, tem na bola parada seu forte.
Mas como é que ninguém vê? Não sei. Suas qualidades são óbvias. Tinha razão o Nelson Rodrigues quando dizia que só os sábios e os santos vêem o óbvio. Eu como não sou sábio, sinto-me santificado. A única ressalva que pode haver quanto à minha futura canonização é que talvez  Andrezinho não tenha um empresário mais astuto ou um assessor de imprensa mais loquaz. Isso significaria que todos vêem o óbvio, mas não há interesse em divulga-lo. Falta algo que o ponha em evidência. Talvez receber a imprensa em casa para longas entrevistas exclusivas, daquelas que enchem lingüiça nos canais esportivos. Jogar muita bola não é suficiente nesses dias de super-exposição da imagem em que vivemos.
Seu caso me faz lembrar outros jogadores que percorreram o mesmo caminho de muita bola e pouca exposição nos meios de comunicação. Lembram do Uildemar? Pois é. Ele passou uns dois anos no Flamengo sem perder um único jogo. O problema é que nem sempre jogava. E quando não jogava o Flamengo perdia. A imprensa do Rio preferia ridiculariza-lo por seu jeito interiorano e tímido .Outro nome  que me vem à memória é o de Carlos Alberto Santos que na  mesma época atuava pelo Botafogo. Este, pelo menos teve uma convocação para a seleção num período de transição, logo após a demissão do Falcão. Mas a imprensa achava engraçado seu jeito de falar um pouco empolado e o apelidou de “orador da turma”. A piada e a chacota serviram para o esquecimento de ambos.
Embora o Andrezinho não seja vítima desse tipo de anedota, ele tem em comum com os outros jogadores citados o fato de atuar na mesma posição e com o mesmo brilhantismo.


Um comentário:

  1. Puxa, tomara que um terço do seu apreço pelo futebol do Andrezinho - que vi poucas vezes, mas sempre me pareceu de primeira linha - corresponda ao que ele de fato vai jogar no Botafogo. Nas poucas vezes que o vi em campo, ao vivo, ou pela TV, a impressão foi a melhor possível, mas a sua análise revela que você o viu muito mais aí no Sul e tem mais coisas a nos dizer. Cara, se os dirigentes do Botafogo tiveram mesmo nessa contratação uma pitada de santidade e sabedoria, eu não suspeitava. A torcida do Botafogo, você sabe, é de uma desconfiança atroz com tudo e com todos - dá pra acreditar que tem gente que não gosta do Loco Abreu?! Pois é. Do Andrezinho a maioria aqui fala que é mais um refugo pra encher lingüiça, e a flapress adora atiçar as más falas. Mas eu sei que o cara joga uma bola redonda. Só não sabia que podia estar muito acima do nível de um bom jogador e ser, na opinião insuspeita de quem realmente gosta de futebol como você, um "jogador completo" e, além de tudo, o único que há pelaí. Jorge, que os deuses do futebol ouçam as suas santas palavras!

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