sábado, 22 de outubro de 2011

Fatos do futebol brasileiro







                   Até 1958 os torcedores brasileiros viviam com complexo de cachorro vira-latas principalmente depois da derrota de 50. A imprensa esportiva da época havia plantado no inconsciente coletivo, a idéia de que estávamos fadados á derrota por sermos um país mestiço. Quem se interessar em pesquisar os jornais dos dias e semanas seguintes àquele 16 de julho de 1950 se deparará com o mais atroz racismo. Seríamos eternos perdedores por questões “antropológicas”. Mas veio 58.
Nelson Rodrigues escreveu que depois da vitória em gramados suecos, qualquer costureirinha de subúrbio se sentia uma Joana D’Arc. Pelé, Garrincha, Didi, Nilton Santos haviam nos redimido. Em 62 fomos mais uma vez imbatíveis e quando chegou 70 o mundo viu a maior seleção de futebol de todos os tempos desfilar nossa incomparável destreza. O resultado da final contra os italianos conta bem a história daquela copa: 4 X 1 irretocáveis. Depois ainda vieram os títulos de 94 e 2002. Era de se esperar que nossa imprensa especializada botasse a viola no saco e se penitenciasse pela injustiça cometida com nossos craques de 50. Mas nada disso aconteceu.
Hoje, que todos os mais importantes campeonatos da Europa são mostrados pela televisão, nossa crônica esportiva voltou à velha xenofilia. Nossos jogadores, nossos técnicos, nossa arbitragem, nosso campeonato, tudo enfim, é tido como de qualidade inferior. O jogador só é bom se joga na Europa ou se por ele há interesse de algum clube europeu. Chega-se a afirmar que tal ou qual jogador aprimorou-se por jogar lá. É o caso do Anderson que jogava no Grêmio. De meia atacante, driblador e refinado, foi reduzido à mero cabeça de área no futebol inglês. Mas os cronistas dizem que lá ele melhorou e torno-se um jogador completo. Nada mais falso. Basta ver quantos goals ele marcou na última temporada inglesa. Foram poucos, pouquíssimos. Não sei como um jogador pode ser completo se não marca goals.
Mas as vezes essa mania de depreciar nossos craques chega às raias do absurdo. Outro dia ouvi de um jornalista esportivo que era convidado do programa Redação Sportv que o jogador brasileiro chutava mal. _” Como chuta mal o jogador brasileiro” enfatizava.Não foi contestado por outros jornalistas presentes.
Se este senhor se ativesse aos fatos constataria que só dois homens no planeta marcaram mais de 1000 goals, Pelé e Romário. Que Pelé marcou só de cabeça mais goals que Maradona marcou usando pés e mãos. Que em 2002 Ronaldo foi às redes mais vezes que toda a seleção da Espanha em 2010. Que Ronaldo é o maior artilheiro da história das copas. Que Romário, Rivaldo, Ronaldo, Ronaldinho Gaúcho e Kaká foram eleitos como melhores do mundo nos últimos tempos. Isso sem falar em Marta, por cinco anos consecutivos, considerada a melhor futebolista do mundo. Tudo isso chutando mal?
Mas se isso fora pouco nossa seleção disputou todas as 19 copas mundiais ficando por 10 vezes entre as quatro melhores. Em sete delas decidindo o título e conquistando cinco taças. Mais que qualquer outra seleção do planeta. Sem contar que os dois melhores resultados de Portugal em mundiais foram conseguidos quando os portugueses eram dirigidos por técnicos brasileiros, Oto Glória e Scolari. Na única vez que a Jamaica foi ao mundial, seu técnico era René Simões. Parreira é o técnico que mais copas disputou. Didi e Tim comandaram o Peru nas melhores participações da seleção andina em mundiais,70 e 82. São fatos que contam um pouco da história do futebol do Brasil.
Em dezembro o Santos enfrenta o Barcelona pelo mundial inter-clubes e lembrando das duas últimas vezes que clubes brasileiros enfrentaram o campeão europeu, estou a fim de casar um dinheirinho nos meninos da vila. Alguém se habilita?

 



















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