sábado, 15 de outubro de 2011

Inimigo público

                                       


Cada época escolhe seus inimigos. Os eleitos são seres humanos que tem algo diferente de outros seres humanos.  Assim foi na Alemanha nazista Lá os judeus tornaram-se a encarnação de todo o mal. Foram culpados por tudo. Desde o desonroso acordo de paz que pos fim à primeira guerra, até o desastre econômico que vivenciou o país por aqueles anos. Hoje os árabes ocuparam esse lugar. Na Europa e nos EE UU qualquer árabe ou outro muçulmano é perseguido como agente terrorista.
A proibição do uso do véu em locais públicos na França vem acompanhada de um discurso libertário e de defesa da dignidade da mulher árabe. Nada mais falso. Nada mais falacioso.
Que eu saiba, ninguém contesta o papel a que são relegadas as religiosas católicas no âmbito desta religião. Tampouco vê nos crucifixos cristãos ou nos kipás judeus, nenhuma forma de ostentação religiosa. Ademais entre todas as comunidades árabes que residem na Europa, o número de mulheres que fazem uso do véu, do chador  ou da burca , é mínimo. Não é boa prática legislativa, legislar pela exceção.
No Brasil nem nos passa pela cabeça restringir a liberdade das pessoas vestirem-se de acordo com suas tradições religiosas ou culturais. Aqui, como em outras partes do mundo o inimigo público é outro. É o fumante.
Eu disse o fumante? Pois disse bem. Não é o tabaco e seus malefícios que é combatido. É o fumante. No começo da campanha anti-fumante ainda prevalecia o bom senso. Estabelecimentos como restaurantes e bares, foram obrigados a criar espaços separados destinados aos não fumantes, a propaganda de cigarro foi proibida, alem de outras medidas bastante racionais. Mas parou por aí. Veio a sanha persecutória.
Começando por São Paulo e Rio o ato de fumar foi proibido em qualquer local público fechado. Os comerciantes que pouco tempo atrás haviam adequado seus estabelecimentos para acompanhar a lei que privilegiava a separação entre fumantes e não fumantes, perderam o investimento. E o que alegam os governantes proibicionistas?
_ Que a fumaça que emana dos cigarros não respeita divisões de espaço e torna os não fumantes em fumantes passivos. Ora, a pelo menos vinte anos que ouço a expressão “fumante passivo” e não conheço nenhuma prova científica disto. E não conheço por que não existe. Tempo houve para que fossem produzidas. Salta aos olhos a falta de lógica, afinal os fumantes também são fumantes passivos. Estariam expostos aos dois males. Ou seja: já morreram.  Os defensores da idéia de fumante passivo, falam de consenso médico. Se eu fosse citar todos os consensos da medicina que caíram por terra nos últimos anos, ficaria aqui até amanhã escrevendo. Mas também dizem os governantes defensores da saúde dos cidadãos:
_Que as doenças advindas do tabagismo, oneram o sistema público de saúde. Tão preocupados estão com o tema que esquecem que saneamento básico evita um número sem fim de enfermidades. Mas sai caro. Demagogia é de graça. Seguindo a lógica de proibir o que onera o serviço público de saúde pago pelos cidadãos, vão acabar proibindo o bolinho de bacalhau e o torresmo.
Tão logo passaram a vigorar as leis cerceadoras de liberdade, assisti a um debate sobre o tema na Globo News entre uma senhora que defendia a proibição e advogando contra estava  Pondé o filósofo televisivo. Os argumentos de uma e outro não convenciam ninguém assim como os meus talvez não convençam. Mas, ao menos senti-me companheiro de armas do filósofo das estrelas. Já é algo.

Nenhum comentário:

Postar um comentário