sábado, 5 de novembro de 2011

Palavrões






Não tenho nada contra o palavrão. Pelo contrário, sou um cultor dessa arte. Meu neto já reclamou várias vezes disso e minha mulher explicou-lhe que os torcedores de futebol são assim mesmo: xingam a televisão. Claro que nos últimos tempos os palavrões aumentaram. Também, com Magno Alves de centroavante você quer o quê? 
            Mas se xingamos juízes, centroavantes e goleiros  num dia, no outro os amamos. É coisa de família. Os que ficam de fora dessa irmandade -locutores e comentaristas- tentam entender e explicar nossos amores e palavrões. Como detesto gente que se mete em problemas familiares alheios, criei o hábito de assistir os jogos com o som da t.v desligado.
Porém, ainda não consigo ler as notícias nos sítios informativos da internet sem depois ler os comentários. É uma espécie de masoquismo. Sei lá.  Freud explica. Mas o fato é que cada vez que leio os tais comentários, fico ainda mais descrente na humanidade.
Em grande parte nem sequer são comentários e sim uma série de xingamentos e palavrões que são dirigidos principalmente aos políticos e aos esquerdistas em geral. Tudo acompanhado, é claro, do mais estreito preconceito racial, sexual e de classe. O Lula não era criticado por seu partido ter feito alianças espúrias e sim por ser nordestino, ex-operário e ter pouca instrução formal. A Dilma é chamada de ex-presidiária e terrorista já que não é possível atacar seu grau de escolaridade. Os exemplos que dou são apenas o pálido retrato do que é dito contando com o anonimato da internet. E é aí que o bicho pega. A questão do anonimato.
Nas suas madrugadas insones ou nas tardes ociosas, algumas pessoas dão vazão ao ódio e rancor, que publicamente escondem sob o manto da civilidade ou sob os auspícios do medo e soltam palavrões contra mães, esposas, filhos e a moral de qualquer um que não atenda aos seus critérios de homem bom e honesto. Eu disse “critério”? Pois bem, falei demais. Na verdade o que impera nesses comentários é a total falta de critério Em muitos casos a partidarização é o motivo dos palavrões, em outros, como já disse, apenas o preconceito puro e simples.
Há também os perfeitos. Os perfeitos idiotas que sequer conseguem dizer coisa com coisa, mas soltam os cachorros e as palavrotas de maneira indiscriminada sobre políticos, partidos, categorias profissionais, classes sociais etc. Os “perfeitos” também cultivam a mania de não serem brasileiros ou ao menos de sentir-se parte de uma elite da qual excluem todos os outros nacionais que não fazem parte de sua maravilhosa família ou sua “ilustrada” corriola. O Brasil é sempre tratado, por estes gênios da frase feita, com desprezo assim como qualquer conquista da nação ou de seus filhos. Sua marca registrada é a xenofilia. A palavra país, quando usada para designar o nosso, é sempre acompanhada  de outra que eles trazem no cérebro e na ponta da língua.
Mas, como já disse, nada tenho contra o palavrão. Muitas vezes ele nos ajuda a sintetizar o pensamento com relação aos juízes de futebol e certos centroavantes. O que me incomoda é a covardia, a pusilanimidade. É fácil dizer palavrões detrás do computador. Cara a cara, o palavrão pode ser respondido com o bofetão.











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