terça-feira, 19 de junho de 2012

A morte de Ivan Lessa







Morreu o jornalista Ivan Lessa. Seus amigos saudosos o pranteiam em artigos e entrevistas. Assim fico conhecendo um pouco da personalidade do cara que eu lia no Pasquim nos anos 70. O pouco que fico conhecendo é muito. Muito triste, muito decepcionante, muito chato.
A Presidenta Dilma o chamou de “indomável jornalista”. Imagino o trabalho que tiveram os escribas presidenciais para arrumar esse adjetivo. Qualquer outro mais objetivo soaria falso. Grande jornalista? Mas qual foi afinal sua grande reportagem? Jornalista combativo? Contra quem?
Não tenho a pretensão de cobrar de ninguém o amor que sinto por isso ou por aquilo. Cada um sabe de si, de seus gostos e paixões. O que me chateia, ou melhor me ofende, é ser enganado.
Muita gente que escreveu durante os anos da ditadura fez a cabeça de minha geração. O pessoal do Pasquim principalmente. Depois da redemocratização, quando os bandos foram se separando, fiquei com a impressão de que fora defraudado.
A maioria dos que diziam lutar pelo Brasil e seu futuro, foram se revelando inimigos do país e de seu povo. Era a “elite intelectual”, e seu ressentimento por não estar por cima da carne seca que ela julga lhe pertencer. Os que não arrumaram uma boquinha criaram tal aversão ao Brasil e aos brasileiros que quem não os tivesse lido ou ouvido antes, pensaria que se tratava de saudosos simpatizantes da ditadura tal o rancor que expressavam por não ter seu direito divino respeitado.
Sérgio Augusto, amigo de Ivan Lessa nos dá um retrato do falecido jornalista, é exemplar. Nos diz que Lessa chamava o Brasil de bananão e acha nisso uma graça infinita. Desfia, num artigo bem escrito e mal pensado, os dons intelectuais do falecido e acaba entregando um esnobe chato e maníaco. Joaquim Ferreira dos Santos nos conta como ele se referia a Zumbi dos Palmares de maneira racista mas considerando isso uma sacanagem ao politicamente correto. Num curto texto ainda conta, como piada, a definição da Academia Brasileira de Letras dada por Lessa:_“Coisa de nordestino malandro que prefere a leveza da pena ao peso da enxada”. Numa só frase, uma dúzia de preconceitos.
Achando-se elite intelectual do país, essa gente pouco produziu. Umas coleções de crônicas, algum mal sucedido romance, filminhos metidos à besta. Foi seu legado cultural. Famosos nos bares caros que freqüentavam, foram envelhecendo tendo de assistir um operário nordestino chegar ao poder, uma geração de escritores conhecendo o sucesso, e mais recentemente a periferia ganhando voz pelos meios eletrônicos. Tudo à sua revelia. Sobrou-lhes o rancor que tentaram disfarçar com o desprezo. Exemplo eloqüente disso é o cineasta Arnaldo Jabor que sem possuir os aparatos do disfarce que adornam muitos iguais a ele, e sem cabedal de cultura, moveu durante quase oito anos uma feroz campanha contra o Brasil e o Presidente Lula que chegou às raias do paroxismo.
Paulo Francis foi outro que fez da esculhambação do país seu meio de vida. Dono de um texto impecável e ampla cultura, Francis, que odiava o Brasil e os brasileiros, foi morar na Meca dos rancorosos sulamericanos e de lá desferia todo tipo de golpe baixo contra o país que não o mimou nem fez dele ministro plenipotenciário de alguma coisa como ele julgava merecer. Francis espumava rancor. No fim da vida foi processado pela Petrobrás na justiça americana devido aos ataques e acusações feitas aos diretores da empresa. O ex-brizolista, ex-trostkista e ex-pessoa se dedicava então a campanhas privacionistas. A estatal petrolífera era seu alvo favorito.
Lessa foi morar em Londres para não ter de ouvir gente assoviando no elevador.

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