Morreu o jornalista Ivan Lessa.
Seus amigos saudosos o pranteiam em artigos e entrevistas. Assim fico
conhecendo um pouco da personalidade do cara que eu lia no Pasquim nos anos 70.
O pouco que fico conhecendo é muito. Muito triste, muito decepcionante, muito
chato.
A Presidenta Dilma o chamou de
“indomável jornalista”. Imagino o trabalho que tiveram os escribas
presidenciais para arrumar esse adjetivo. Qualquer outro mais objetivo soaria
falso. Grande jornalista? Mas qual foi afinal sua grande reportagem? Jornalista
combativo? Contra quem?
Não tenho a pretensão de cobrar
de ninguém o amor que sinto por isso ou por aquilo. Cada um sabe de si, de seus
gostos e paixões. O que me chateia, ou melhor me ofende, é ser enganado.
Muita gente que escreveu durante
os anos da ditadura fez a cabeça de minha geração. O pessoal do Pasquim
principalmente. Depois da redemocratização, quando os bandos foram se
separando, fiquei com a impressão de que fora defraudado.
A maioria dos que diziam lutar
pelo Brasil e seu futuro, foram se revelando inimigos do país e de seu povo. Era
a “elite intelectual”, e seu ressentimento por não estar por cima da carne seca
que ela julga lhe pertencer. Os que não arrumaram uma boquinha criaram tal
aversão ao Brasil e aos brasileiros que quem não os tivesse lido ou ouvido
antes, pensaria que se tratava de saudosos simpatizantes da ditadura tal o
rancor que expressavam por não ter seu direito divino respeitado.
Sérgio Augusto, amigo de Ivan
Lessa nos dá um retrato do falecido jornalista, é exemplar. Nos diz que
Lessa chamava o Brasil de bananão e acha nisso uma graça infinita. Desfia, num
artigo bem escrito e mal pensado, os dons intelectuais do falecido e acaba
entregando um esnobe chato e maníaco. Joaquim Ferreira dos Santos nos conta
como ele se referia a Zumbi dos Palmares de maneira racista mas considerando
isso uma sacanagem ao politicamente correto. Num curto texto ainda conta, como
piada, a definição da Academia Brasileira de Letras dada por Lessa:_“Coisa de
nordestino malandro que prefere a leveza da pena ao peso da enxada”. Numa só frase, uma dúzia de preconceitos.
Achando-se elite intelectual do
país, essa gente pouco produziu. Umas coleções de crônicas, algum mal sucedido
romance, filminhos metidos à besta. Foi seu legado cultural. Famosos nos bares
caros que freqüentavam, foram envelhecendo tendo de assistir um operário
nordestino chegar ao poder, uma geração de escritores conhecendo o sucesso, e
mais recentemente a periferia ganhando voz pelos meios eletrônicos. Tudo à sua
revelia. Sobrou-lhes o rancor que tentaram disfarçar com o desprezo. Exemplo
eloqüente disso é o cineasta Arnaldo Jabor que sem possuir os aparatos do
disfarce que adornam muitos iguais a ele, e sem cabedal de cultura, moveu
durante quase oito anos uma feroz campanha contra o Brasil e o Presidente Lula que chegou às raias do paroxismo.
Paulo Francis foi outro que fez
da esculhambação do país seu meio de vida. Dono de um texto impecável e ampla
cultura, Francis, que odiava o Brasil e os brasileiros, foi morar na Meca dos
rancorosos sulamericanos e de lá desferia todo tipo de golpe baixo contra o
país que não o mimou nem fez dele ministro plenipotenciário de alguma coisa
como ele julgava merecer. Francis espumava rancor. No fim da vida foi
processado pela Petrobrás na justiça americana devido aos ataques e acusações
feitas aos diretores da empresa. O ex-brizolista, ex-trostkista e ex-pessoa se
dedicava então a campanhas privacionistas. A estatal petrolífera era seu alvo
favorito.
Lessa foi morar em Londres para
não ter de ouvir gente assoviando no elevador.
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