Há muitos homens que não gostam
de mulheres. Não me refiro aos homossexuais que não gostam de mulheres em suas
camas, falo dos machões que, mexe e vira, chegam pra gente com estranhos
convites; uma pescaria com muita cachaça mas sem a “mulherada pra encher o
saco” ou um encontro de amigos para lembrar os velhos tempos quando não havia a
“mulherada pra encher o saco”.
O termo “mulherada” já é, para
mim, pejorativo, e tão feio quanto o “maridão” que certas senhoras usam para
designar uns tipos tronchos que elas exibem como algo que fosse digno de ser
mostrado. Aliás, são esses tronchos que falam “mulherada”.
Esse desprezo pelas mulheres
sempre existiu apenas ficou envergonhado depois da revolução feminina. Daí os
subterfúgios da pescaria e outros que tais.
Com o advento das TVs por
assinatura e a profusão de seriados cômicos americanos, ficamos mais expostos a
esse tipo de machismo que nos EE.UU é anedótico. Há uma série cômica na qual
todo o humor se baseia no horror que o maridão tem de fazer sexo com a mulher.
Há várias assim. Em muitos filmes daquele país, o herói jamais troca os amigos
por uma mulher e se o faz, no fim da fita são os amigos que o salvam de alguma
coisa na qual ele se meteu pela influência maligna da namorada miolo mole. O melhor amigo é uma instituição americana como o hambúrguer e a arma.
Mas o que está fazendo da
misoginia um sucesso entre nós é a ascensão dos “nerds”. Esses caras não gostam
de mulheres e são os donos da internet, que é hoje, o maior veículo de
comunicação do mundo. Sem sair da casa da mamãe os meninos podem disseminar sua
cultura de joguinhos “on line” e adorar seus novos deuses, Zuckerberg, Jobs e
Bill Gates. Esse mundo de tecnologia é vedado, por eles, às meninas.
Esses meninos, que estão na
faixa etária entre os 12 e os 40 anos, têm pouco desejo de vida fora da tela do
computador. Um mundo sem perigos e, principalmente, sem mulheres que possam
criticar suas coleções de bonequinhos de jornada nas estrelas ou suas roupas (que
ninguém ouse chamar de fantasias) de guerra nas estrelas. É desse mundo da lua
que vão aliciando novos adeptos de esquisitices. O que até pouco tempo atrás era
coisa de retardado mental, agora é o estilo de vida de futuros bem sucedidos
empresários no setor da informática ou no ramo dos joguinhos eletrônicos.
Nos seus computadores os “nerds”
também podem curtir os seriados misóginos
americanos e cita-los em suas intervenções e comentários no face book.
Muitos desses caras têm futuro
promissor nesse mundo da idiotice institucionalizada e vai ficando difícil para
eles escaparem do assédio de mocinhas casadoiras que já perderam as esperanças
de arrumar um jogador de futebol ou um sertanejo universitário.
Os “geeks” que são uma sub-raça
dos “nerds” são os mais fáceis de capturar pelas Marias megabyte pois os
“geeks” são algo assim como “nerds” com traquejo social. Ou seja, eles querem
se inserir, ainda que para isso tenham de abrir mão de irrecuperáveis horas
afastados de seus computadores, revistas em quadrinhos japonesas e seriados de
ficção científica.
“Nerds, geeks e outros bichos são
filhos do capitalismo neo-liberal e empreendedor. Os feitos da santíssima
trindade “nerd”, Jobs, Bill Gates e Zuckerberg, que é ganhar muito dinheiro,
são vistos como atos heróicos por esses adoradores de bonequinhos, esquisitos e
suspeitos. Não é uma gente que queira mudar o mundo nem extinguir a miséria.
Este é o tipo de assunto que não entra em suas conversas no face book. Querem
derrotar seus desafetos qual heróis de histórias em quadrinhos que saem do
armário detentores de super poderes e roupinhas engraçadas.
Mas a verdade é que os “nerds”
saíram definitivamente do armário. Prova disso é a criação do Dia do orgulho nerd, com parada, ala dos números primos, fantasias (desculpem, vestimentas) do
jornada nas estrelas e o escambau.
Os “nerds” perderam a vergonha.
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