quinta-feira, 9 de agosto de 2012

Economia de tomates







Eu não entendo nada de economia, ou melhor, o que entendo de economia é que o feijão está caro pra burro, o açúcar até que baixou do ano passado pra cá e o arroz anda com preços decentes. O grande problema é o tomate que ultrapassou os 5 reais o quilo. Adeus macarronada.
A energia elétrica que consumimos, é das mais caras do mundo, assim como o telefone e o acesso à internet. Na Argentina a conta de luz é bimestral e lá, paga-se por dois meses de consumo o mesmo que pagamos aqui em um mês. Por que? Não sei.
Tampouco entendo o preço da gasolina, pois mesmo que estejamos importando  derivados, nossos preços são muito superiores aos praticados em outros países que fazem o mesmo, como a Argentina.
 Economistas, que na oposição gritavam contra esse estado de coisas, agora, no poder, nos dão explicações singelas para o fato. Explicações singelas demais.
Outros, que antes geriam as finanças públicas, se mostram indignados na oposição. Mexe e vira, vemos nos jornais da Globo News, Maílsons e Loyolas afetando grande preocupação pela gestão do governo atual no que tange à macro-economia. Claro que na telinha dos Marinho só aprece na legenda que esses senhores são economistas mas não falam dos interesses que representam por serem diretores de empresas, conselheiros de multinacionais ou, simplesmente, especuladores.
Do lado do poder, vejo, atônito, pessoas que antes pugnavam pelas privatizações do governo de FHC, avaliarem toda e qualquer medida do governo como positiva e coerente. Estarão certos? Não sei, mas coerentes não.
Quanto à nossa política monetária, nossa reservas cambiais, nosso superávit primário, eu não manjo nada. Sei sim, que me causa grande antipatia ver o Ministro Mantega, com suas mãozinhas delicadas, seu sotaque ítalo-gay e sua voz de falsete, ir à televisão e anunciar um aumento absurdo no preço do cigarro e, cinicamente, dizer que ninguém iria reclamar disso. Refere-se, creio, a questões de saúde. Mas o Ministro Mantega não é ministro da saúde e me causa espanto ver a sanha arrecadadora querer posar de Dr. Kildare.
 Existe na economia algumas coisas realmente incompreensíveis para mim. Refiro-me às taxas de juros. Bastou a Presidenta ordenar que as instituições financeiras estatais baixassem as taxas da agiotagem, para que tivéssemos uma baixa generalizada, ainda que a contra gosto dos usurários do sistema bancário privado. Então era só isso? Uma canetada presidencial e o problema está resolvido?  Então por que não fizeram antes? E por que não baixam mais? Claro que não faltaram as críticas contra a medida. Nos tele-jornais, jornalistas econômicos, Maílsons e Loyolas franziram os sobrolhos e tentaram fazer sombrios prognósticos sobre a medida. Seus patrões banqueiros, puseram em suas bocas uma série de argumentos que mais pareciam os documentários sobre o fim do mundo que passam no canal Discovery.
Dado à minha falta de conhecimento na matéria, prefiro não dar opiniões sobre o desempenho do governo no gerenciamento da economia. Mas não tenho de suportar um Ministro que faz subir o preço do cigarro entre risotas, nem posso pretender fazer minha macarronada com os tomates custando mais de 5 reais. A sazonalidade explica os tomates, a insensibilidade explica o Ministro.
Pensar que alguém vá deixar de fumar devido aos altos preços do cigarro é de uma cretinice sem fim. Eu não creio que Mantega seja um cretino, acho que o aumento extorsivo do tabaco tem como meta engordar a arrecadação esfolando milhões de brasileiros. O cigarro é o produto sobre o qual mais incidem impostos.
Parece-me que a lógica econômica do Ministro Mantega, é aproveitar-se do acesso ao consumo que muitas famílias tiveram, e esfola-las com impostos sobre produtos de seu uso cotidiano. Por que não aumentar impostos sobre produtos de luxo importados? Porque isso representaria pouco volume de arrecadação tendo em vista o pequeno número de milionários comparando-se ao imenso contingente de pessoas que vivem nas classes inferiores. O aumento no preço dos cigarros, que não voltará atrás como o do sazonal tomate, faz estragos no orçamento doméstico dos pobres. Seria mais justo extrair mais impostos no caviar, nos automóveis de luxo, no uísque nacional da Escócia. Mais quem falou que economia é para fazer justiça?


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