O seu filho é chato? Faz piadas explicadinhas? Ri mais dos próprios ditos que os outros? Interrompe a
fala de outras pessoas para soltar uma de suas tiradas? Tem uma auto-imagem
muito distante da realidade? Ele gosta de dizer palavrinhas e frases em inglês
sem nenhuma necessidade? Quando alguém diz algo engraçado ele pede que repita
imediatamente? Fala com voz impostada e abatatada? Ele não tem nenhuma cultura e seu português é deplorável?
É xenófilo? Enfim, seu filho é um perfeito idiota? Não se preocupe pelo futuro
do moleque. Ele pode vir a ser um grande narrador esportivo.
Você acha que exagero? Pois
pense. Quais são os mais populares e bem pagos narradores esportivos do Brasil?
Sem dúvida Galvão Bueno e Luciano do Valle, certo? E você conhece gente mais
idiota que esses dois? Duvido.
O cume da carreira de narrador
esportivo está diretamente ligado ao grau de idiotice. Não que o modesto locutor de uma rádio interiorana seja quase um intelectual. Não. Sob o deslumbramento
de ver o próprio nome citado e escrito é que se revela o perfeito idiota e
futuro dono das tardes e noites esportivas. Dê-lhe luz e ele lhe dará mostras
da mais perfeita cretinice, da mais crassa imbecilidade, da mais profunda
idiotice.
Não sei como é feita a escolha
dos narradores pelas emissoras de TV e rádio, fica patente que não é pela
beleza da voz. Alguns são fanhos, outros rouquenhos, e há até os que falam
fino. Mas histérico tem de ser. Seu grito de gol deve ser longo e de um
arrebatamento muito superior ao do mais fanático torcedor e mesmo ao do autor
do tento. Sua narração de Barueri X Bragantino deve ser frenética.
Mas deve haver algo científico
na escolha daqueles que durante anos e anos nos farão desligar o som da TV
antes que venha o desejo de quebrá-la.
Talvez sejam feitos exames
médicos que detectem alguma pré-disposição genética, alguma enzima, talvez uma
célula mutante. Não sei. Quem sabe, uma simples entrevista seja capaz de
mostrar o grau de estupidez e apontar assim o melhor candidato à vaga de
narrador esportivo.
Imagino um questionário de
avaliação que perguntasse sobre gostos e preferências: “Qual sua música
preferida”? _”I just fuck a lady do Kick my ass que tem como baterista o Tony
Cock que foi do Black pussy e depois do Masturbacion please”. Um ponto pro
candidato. O perfeito idiota nunca cita canções ou músicos brasileiros e tende
a mostrar vasto conhecimento em fichas técnicas de discos estrangeiros.
Segunda pergunta. “Qual é o seu
time de coração”?. _”A Lazio” Mais um ponto. O perfeito idiota, embora seja
brasileiro, sempre torce por um time estrangeiro cuja torcida jamais deixaria
que ele ocupasse um lugar no estádio por ser racista e xenófoba.
Mais uma questão. “Quem é seu ídolo
no esporte”? _”Airton Senna”. Mais um
ponto. Um perfeito idiota sempre cita outro.
Seguindo. “Qual é a sua melhor
lembrança da infância”? _”O show da Xuxa”. Ponto. “Qual seu livro favorito”: _”Memórias
de um mago, do Paulo Coelho”. Ponto. “Uma qualidade”? _”A fé”? “Um defeito”? _”A
falta de fé” “Uma frase” _Diga-me com quem andas e eu te direi quem és”. Ponto,
ponto, ponto.
Não tem pra ninguém. O perfeito
idiota já está empregado. Estréia na cobertura dos Jogos Olímpicos narrando a
prova de equitação. Ele nada sabe de equitação? E daí? Quem assiste provas de
equitação ou é um burguês que tem fumos de aristocrata ou um perfeito idiota. O
que dá no mesmo.
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