Parece que o futuro do Brasil
está no voto religioso. Em
São Paulo , cidade mais importante do país, já começou o beija
mão dos líderes religiosos de araque.
No último dia 5 de agosto, José
Serra assistiu culto na Igreja Mundial e sua candidatura foi abençoada pelo
Bispo Waldemiro Santiago. Alkimim também estava presente. É a segunda vez que o
homem da Opus Dei visita a mega igreja do bispo que mais fatura no país. Um jornalista
presente, disse que, mesmo saindo mais cedo, Serra presenciou Waldemiro pedindo
dinheiro aos fiéis. Ora, basta passar na porta de qualquer desses centros de
charlatanismo para ouvir os pedidos de dízimos e ofertas. Nesses templos se
fala mais em dinheiro do que na bolsa de valores.
Russomano, segundo lugar nas
pesquisas de intenções de votos, é candidato da Igreja Universal, dona do PRB e
Haddad contou com a nomeação do Bispo Crivela para o Ministério da Pesca para
aplainar sua candidatura junto aos crentes que o vêem como o autor do kit gay. Parece
que não está dando certo.
No Rio, Eduardo Paes tem ido à missa para provar seu
catolicismo e outros candidatos fazem reuniões com líderes da franquia
Assembléia de Deus, não para expor seus planos de governo, mas para aceitar as
imposições que esses propagadores do atraso fazem.
A franquia Assembléia de Deus
vai lançar candidatos “próprios” a vereador em todos os municípios brasileiros,
sinal de que teremos mais leis municipais impondo rezas nas escolas e nas
Câmaras de Vereadores. Mais dinheiro público destinado a monumentos a Cristo e
a bíblia. Mais homofobia financiada pelo erário público. Nas próximas eleições
o armazém de secos e molhados religioso terá sua própria sigla, o PEN, Partido
Ecológico Nacional. A mistura de ecologia e fundamentalismo cristão promete
fazer estragos. O novo partido, o 30º a ter sua inscrição aceita junto ao TSE, é
a cara de Marina Silva mas parece que a ex-senadora já recusou o convite para
ingressar na sigla pentecostal.
A busca pelo apoio de
religiosos, principalmente dos neo-pentecostais, fará com que o país retire de
pauta discussões importantes como a legalização do aborto e do uso de drogas.
Para essa gente não existe discussão possível sobre certos temas. São
irredutíveis, põem a bíblia sobre a constituição e querem anular direitos já
conquistados pela cidadania tais como o aborto de anencéfalos e o reconhecimento da relação estável entre pessoas do mesmo sexo. O líder da bancada evangélica, Dep. João Campos,
apresentou projeto para que decisões do STF passem pelo crivo do parlamento. O
projeto é ridículo, fere a própria constituição e a independência dos poderes.
Ainda assim mostra o caráter virulento dos políticos ligados aos grupos
neo-pentecostais.
Os crimes de abuso da fé pública
e charlatanismo, praticados diariamente por bispos e pastores, e que seriam
facilmente combatidos, agora contam com a vista grossa de nossas autoridades.
Waldemiro vai poder continuar cobrando o dízimo em dobro e propalando milagres.
Mais e mais concessões para operação de rádios e TVs serão dadas a Edir Macedo
e R.R Soares e novas seitas surgirão com tantas facilidades para agirem à
margem da constituição e das leis infra-constitucionais.
O avanço das seitas na política
tem como característica a mesma cara de pau que vemos nos templos. Se os
pastores e bispos não se acanham em tomar o dinheiro de quem só tem para comer
e até o único par de tênis de uma criança, é claro que não vão ficar corados
apresentando projetos que só favorecem ás próprias seitas e seu projeto de
tomada do poder civil. Hoje tramita no congresso projeto que propõe subsídio
nas faturas de energia elétrica para templos e igrejas. Nas câmaras municipais
de todo país, vereadores propõem doações de imóveis públicos para igrejas.
Marchas para Cristo, de nítido tom homofóbico, são financiadas com dinheiro
público. E por aí vai.
Como diria Lula, jamais na
história desse país se viu tamanho avanço da religião sobre o espaço público. O
Estado laico está por um fio.
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