Imagine que você tenha um
diploma universitário nas mãos. Um diploma de bacharel em direito, por exemplo.
Imagine então que você também tenha sido aprovado nos exames da OAB. Você é um
advogado.
No entanto, suas tentativas de
alçar vôo na carreira, tornando-se juiz, redundaram em fracasso. Digamos ,
um duplo fracasso. Mas você não se deixou abater e através de bons contatos
conseguiu advogar para uma poderosa entidade, um partido político, por exemplo.
Pronto, você já tem chance de mostrar serviço. O tempo passa. Você já é
conhecido na grande organização, que poderia ser um partido político como disse antes.
Surge uma grande chance, um
cargo disputadíssimo. Centenas o desejam. Mas a pessoa que tem forte influência
na escolha do nome para esse cargo, escolhe você.
Passado algum tempo, essa pessoa
torna-se ré numa causa de grande repercussão e você, por essas voltas que o
mundo dá, tornou-se juiz na causa. Irá julgar aquele que, entre tantos,
escolheu você para o posto que o pôs em evidência.
Agora você está num dilema; se
condenar àquele que o ajudou, será taxado de ingrato. Caso o absolva, sua
honradez como juiz estará sob suspeita. Mas, aleluia, existe uma terceira
opção, digna e prevista pelas normas legais. Você pode declarar-se suspeito
para julgar. É uma decisão pessoal a qual ninguém o obriga. A decisão é sua, intransferível. E certamente você optaria por ela.
Não foi o que fez, e nem fará, o
Ministro do Superior Tribunal Federal, Antônio Dias Toffoli. Ele julgará seu
ex-chefe na Casa Civil, José Dirceu, no processo do mensalão. Pelo que tudo
indica, seu voto será pela absolvição do réu. Pelo menos é o que se infere de uma declaração pública de Toffoli ocorrida num convescote do qual participou o
Ministro.
Nos conta Élio Gaspari, em sua
coluna de 22 de agosto n’O Globo, que na tal festinha, Toffoli tomou as dores
de José Dirceu dizendo:_”O Zé Dirceu escreve no blog dele. Pois outro dia esse
canalha o criticou. Não gostei de tê-lo encontrado aqui. Não gostei”. Referia-se
a Ricardo Noblat que o cumprimentara horas antes e ao sair, também o fizera. A
fala de Toffoli era para ser escutada por aquele, uma espécie monólogo de
covarde. Segundo Gaspari, que deve ter escutado a estória do próprio Noblat,
ademais da defesa pública do réu do mensalão, Toffoli soltou palavrões (pelo
menos 6) e uma vulgaridade.
Pois bem, esse “juiz” será um
dos julgadores da participação de Zé Dirceu no escândalo. Se Sua Excelência não
permite sequer uma crítica ao que o amigo, e talvez mentor, escreve num blog, o
que poderemos esperar de seu voto?
Embora saiba que você, leitor e
amigo, não envergue a toga na mais alta corte do país, eu preferiria vê-lo como
juiz, em vez de Toffoli, quando me julgassem. Você, certamente, se afastaria do
caso. Não levaria para a corte nem nossa amizade nem qualquer mágoa pelo tempo
perdido com a leitura de minhas divagações.
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