segunda-feira, 1 de outubro de 2012

O dia está chegando







Já não são os fatos que me assombram, mas a desfaçatez com que são urdidos. Por que eu deveria me assombrar com a manipulação de imagens e falas feitas pela Rede Globo? Bem, primeiro porque não havia a necessidade de dar mais ênfase ao julgamento do mensalão e depois pelo fato das imagens e áudios que foram montados em ordem diferente de como ocorreram, terem acontecido apenas umas horas antes. De qualquer maneira a TV dos Marinho não deixa de me assombrar.
Nem todos puderam acompanhar aquela sessão do STF que fora realizada à tarde. À noite, em suas casas, aqueles que assistiram um resumo do julgamento no Jornal das Dez da Globo News ou no Jornal da Noite da Globo, seriam convencidos que aquelas frases pinçadas, foram ditas naquela ordem, naquele contexto. Que as imagens que as ilustravam na tela foram colhidas no mesmo instante. Milhões de pessoas foram iludidas, enganadas. Apenas mais uma desfaçatez das emissoras dos Marinho.
Mas o que não deixa de causar assombro é que uma parcela da imprensa, que se diz independente, queira iludir e enganar como aqueles profissionais do ilusionismo jornalístico. Esse é o caso da Carta Maior.
Apenas hoje (2 de outubro), há dois artigos naquela publicação que comparam o caso do mensalão com o caso Dreyfus. Em outro artigo, o Ministro Joaquim Barbosa é tratado como vaidoso e personalista. Dias atrás, o julgamento em si era chamado de BBB. E por aí vai.
Claro que o Dreyfus dos artigos é o ex-Ministro José Dirceu. Seu dia está chegando e os negacionistas do mensalão se adiantam ao veredicto dos Ministros do STF, que não deve ser outro senão o da condenação, para tentar desmoralizar o processo e seus julgadores.
A tese, ainda sustentada pela publicação de Mino Carta, é a de que nunca existiu mensalão, que tudo é uma farsa urdida pela imprensa golpista. Se houve algo, foi apenas um caixa dois de campanha eleitoral. Ainda que haja réus confessos. Mesmo que a devassa promovida pela Polícia Federal nas empresas de Marcus Valério tenha arrebanhado caminhões de documentos. Para tudo há uma explicação capenga.
Em um dos artigos, o jornalista de Carta Maior chega a dizer que as acusações contra Dirceu se baseiam em encontros que este mantivera com banqueiros na qualidade de Chefe da Casa Civil e que isso não constitui crime. Em nenhum dos artigos aparece o nome de Marcus Valério nem o de outro publicitário, Duda Mendonça, que afirmou na CPI dos Correios ter recebido no exterior o que lhe era devido pela atuação nas campanhas do Partido dos Trabalhadores.
O segundo articulista fala de malabarismo jurídico e diz que tudo começou com a denúncia bombástica de Roberto Jéferson, que fizera isso por vingança. Não foi bem assim.
Tudo começou quando arapongas, fazendo-se passar por empresários, filmaram um funcionário dos Correios recebendo uma propina e citando o nome do ex-deputado e ex-gordo, Roberto Jéferson. Diante do vídeo, este teve que partir para o ataque e denunciou o esquema.
Depois, durante a CPI dos Correios, fomos conhecendo os pormenores de como o dinheiro subtraído dos cofres públicos, através das empresas de Marcus Valério e outras, ia parar nas mãos de deputados, tesoureiros e presidentes de partidos que recebiam em espécie para votar com o Governo Federal, matérias de difícil tramitação.
Até agora, os Ministros do Supremo só julgaram a escória política com a qual o PT se misturou em nome da governabilidade. Mas o dia de José Dirceu, José Genoíno e Delúbio Soares está chegando.

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