sábado, 24 de novembro de 2012

Suplicy


                Confesso que nunca simpatizei com o Suplicy. Aquele seu jeito de maluco tarja preta, eu nunca engoli. Além do mais, ele é um rico que se tornou figura importante dentro de um partido que deveria ser dos trabalhadores. Ocupa um espaço que não lhe pertence.
                Suplicy protagonizou as cenas mais ridículas do senado nos últimos tempos. E quando fala sério, é através dos mais entediantes discursos. Adora adornar suas falas com citações de autores e títulos estrangeiros cujos nomes pronuncia com forçado acento.
                Ele já usou chapéu de Robin Hood,  chorou em plenário lendo uma carta, cantou uma música de Bob Dylan em companhia de Tiririca e aparteou, com sua voz molenga, todos os que discursaram na tribuna do Senado. Tudo isso só no último mês. O cara é um chato de galocha e suspensório.
                Mas, verdade seja dita, Suplicy é um bom senador. De seus projetos, eu conheço pouco, pois toda vez que ele começa um pronunciamento, caio em sono profundo. Sei do “renda mínima” pelo qual vem batalhando desde o governo de Fernando Henrique Cardoso e que muito influenciou nos projetos sociais do governo Lula.
                Numa outra esfera, também não pude deixar de admirar o Senador paulista. Foi no caso da morte de Celso Daniel. Enquanto o PT e a polícia faziam finca pé na tese de crime comum, mesmo que todos os dados apontassem para crime de cunho político, Suplicy , só, foi buscar informações nas ruas de Santo André com possíveis testemunhas do seqüestro. Pergunta daqui, pergunta dali e a história do Sombra caiu por terra.
                Suplicy, noutro gesto de independência, assinou o documento pela criação da CPI dos Correios contra a vontade de seu partido, que preferia empurrar os fatos para debaixo do tapete.  
                Sempre me pareceu que a independência de Suplicy era suportada pelos sargentões do PT, por ser ele um campeão de votos. Foram três eleições consecutivas. Uma cadeira certa para o Partido dos Trabalhadores no Senado da República.
                Mas algo mudou no PT de uns anos para cá. Se não bastassem as alianças espúrias que o partido fez com todos aqueles que passaram diante de sua sede oferecendo uns minutinhos no horário eleitoral gratuito ou uns votos no legislativo. Como se fora pouco o escândalo do mensalão que atingiu figurões do partido. Se não pesasse sobre os ombros de seus deputados e senadores o relatório da CPI do Cachoeira, o PT se prepara para dar mais uma mostra de pragmatismo extremo.
                Visando às eleições de 2014 para o Palácio dos Bandeirantes, o partido deve trocar a vaga para disputar o senado por apoio de aliados ao seu candidato a governador. Como nesse ano só uma cadeira de senador estará em jogo, Suplicy deverá ser sacrificado.
                Suplicy, que recebeu o Prêmio Congresso em foco deste ano como melhor senador, poderá deixar de concorrer, ficando sua vaga para Chalita ou Netinho de Paula.
                Cito esses dois nomes por tê-los vistos em matérias de jornais que comentaram a possível insensatez do PT, mas como o leque de alianças do partido é quase infinito, poderemos ter surpresas. Quem sabe o PT não resolva apoiar a candidatura ao senado de alguém saído das hostes malufistas. Ou, o próprio Doutor Maluf. Tudo é possível no toma-lá dá-cá que os petistas estão se tornando mestres.
                Por falar em Maluf, Haddad já disse que uma secretaria da prefeitura paulistana irá para o PP por obra e graça dos minutinhos de TV que o partido proporcionou a ele no último pleito. Mais uma vez, o malufismo poderá contribuir para o engrandecimento de São Paulo.
                Mas voltando ao Suplicy.
                Logo depois que encerrou seu dueto com Tiririca, na entrega do Prêmio Congresso em foco, o Senador deixou claro para os jornalistas que o entrevistaram, que iria pedir prévias para a escolha dos nomes de candidatos às eleições de 2014 pelo PT. Chegou a sugerir que as prévias fossem abertas a candidatos de outros partidos aliados, tal qual aconteceu na França recentemente. A idéia é meio amalucada como o próprio Senador Suplicy, mas ele está confiante no seu taco.





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