sexta-feira, 19 de julho de 2013

Vândalos e baderneiros


                Pois é, antes de começar a escrever caí na bobagem de ler a coluna do Xico Sá. Pronto. Arruinou-me a tentativa. É que lá está, em dois textos, o assunto que eu queria abordar só que escrito de maneira genial. O pernambucano não é mole. Em poucas palavras, umas imagens, duas ou três citações, humor e muita quebra de asa, ele nos pinta os acontecimentos do Leblon, as manifestações que estão acontecendo próximas à casa do governador.
                Pensei logo em mudar de assunto. Vamos com uma receita de salada. Tome duas cenouras, uma beterraba e uma maçã. Rale, sem cascas, os 3 vegetais crus, é claro. Tempere com suco de limão ou laranja e azeite de oliva. Sal e pimenta do reino a gosto. Revolva. Porção para duas pessoas.
                Uma amiga acabou de postar no facebook uma receita de suco que faz uso desses 3 ingredientes principais. Diz que é até anticancerígeno. Bem, desde que me entendo por gente já ouvi tantas fórmulas de anticancerígenos que já não os creio e tampouco quero ter a necessidade de provar sua eficácia. 
                Vê?  Não se pode fugir de um assunto como se ele deixasse de existir. Acaba assim, em receitinhas e conselhos de saúde. E isso não é coisa de macho jurubeba, diria Xico Sá.
                Não tem jeito. Vou me arriscar no tema das manifestações.
                O fato é que nunca na história desse país, se usou tanto as palavras vândalo e baderna. Outro dia, em menos de 3 minutos, os dois termos, e os que deles derivam, foram usados 17 vezes num noticiário da Globonews. Claro que nesse caso há que se desculpar, afinal os jornalistas falavam de improviso e sem as letrinhas enviadas pelos deuses redatores eles ficam perdidos e apenas conseguem repetir uns mantras que sabem ser do agrado do patrão e de sua apalermada audiência.
                 Desde sempre que simpatizo com os vândalos, os históricos. Quando deram porrada nos romanos, fizeram um lindo serviço. Os romanos, melhores de propaganda que qualquer outra coisa, denegriram a imagem dos guerreiros do norte e os professores de história, correndo com a matéria pouco respeitada pelo alunado troncho e desinteressado, não têm ânimo para corrigir a infâmia perpetrada pelos macarrônicos imperialistas.
                Não simpatizo só com os vândalos germânicos. Hay império? Soy contra. Logo, minha simpatia recai sobre os “vândalos” que hoje tomam conta das manifestações em seus momentos mais conflituosos. E vem o império midiático para defender o patrimônio público e privado postos em risco pela ação dos meninos mais corajosos e insurretos. Qualquer lixeira queimada é um deus nos acuda. Fala-se de incêndios. Fazem-se levantamentos dos prejuízos causados pelos “baderneiros”. Um automóvel pichado é mostrado como um ato terrorista. Aliás, o termo tão querido pelo governo americano vem perdendo espaço aqui no Brasil. Se poucos meses atrás era o mais citado pelos meios de comunicação capacho, hoje são “vândalo e baderna” que ocupam grande parte dos textos dos empregados dos Marinho e outros que tais.
               Mas fiquei nos bravos guerreiros e quase ia me esquecendo da baderna. Pelo texto de Xico Sá me inteirei que a palavra baderna vem do sobrenome de uma bailarina italiana que fez furor no Rio lá pelos idos de 1850 (Marietta Baderna). Se vivesse hoje, a moça seria alvo das críticas de Raquel Sherazade e Leilane Neubarth, inimigas figadais da baderna e dos baderneiros.


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