quarta-feira, 28 de agosto de 2013

A medicina do absurdo


Há alguns anos, o Fantástico, mostrou uma reportagem que tinha como pano de  fundo alguns números que denunciavam uma estranha realidade. Dizia-se que de um ano atrás até aquela data, mais de 2 mil denúncias contra médicos haviam sido feitas junto aos conselhos regionais de medicina. Dessas, apenas umas poucas dúzias redundaram em alguma sindicância e apenas em 6 (seis) casos houve punição. Das punições, a maioria foi de advertência. Nenhum diploma foi suspenso e muito menos cassado.
Vendo tais números podia-se pensar que de duas uma: ou o povo brasileiro odiava seus médicos e viviam inventando calúnias contra eles ou estávamos diante do mais espesso corporativismo. Hoje sei que a segunda opção é a verdadeira. A vinda dos médicos cubanos provou isso.
Nossos médicos estão tratando seus colegas cubanos como se fossem curandeiros ou charlatães. Aliás, muito pior, pois a atitude que tomam diante de pastores e bispos de araque que afirmam curar câncer e AIDS por intervenção divina, é, no mínimo, leniente. Com esses os médicos pegam leve.
Até bem pouco tempo eu não sabia da existência do Revalida, o tal exame a que são submetidos os médicos que têm diplomas de escolas de medicina estrangeiras. mas parece que só eu não o conhecia. Lendo as postagens das redes sociais e os comentários dos sítios informativos da internet, me dou conta que todos os meus concidadão dominam o tema e dele têm antigo conhecimento. Agora que sou sabedor, a exigência me parece sensata. Afinal como saber se alguém realmente fez o curso do qual exibe o diploma?
Mas com relação aos médicos cubanos estamos tratando com profissionais reconhecidos pelo governo de um país que, embora paupérrimo, dá lições de saúde pública ao mundo. Basta ver os resultados que alcançam os cubanos na prevenção de doenças, nos baixos números de mortalidade infantil, na erradicação de várias moléstias. Esses números não são de fabricação dos terríveis comunistas. São números da OMS, da ONU, da UNICEF. Quem dá garantias da qualidade dos médicos cubanos é o governo de Cuba e as entidades internacionais que tratam do tema. Para os médicos brasileiros e seus órgãos representativos isso não basta e os médicos cubanos deveriam prestar o exame do Revalida, que segundo os médicos daqui o os que os representam, é a única forma existente no planeta de aferir o gabarito de quem pratica a medicina. Mas tem mais.
            Em recente fala, o presidente do CRM de Minas Gerais, João Batista Gomes Soares, foi taxativo ao afirmar: _ “Vou orientar meus médicos a não socorrerem erros de médicos cubanos”. Não creio ter lido nada mais chocante nos últimos anos. O sujeito está dizendo que se um paciente for vítima de um erro médico e se esse erro for cometido por um médico cubano, essa vítima estará condenada à morte ou algo parecido.
Ainda que tal afirmação seja a própria negação do juramento de Hipócrates, nas redes sociais há quem defenda o presidente do CRM mineiro e, tergiversando, diga que é boa prática médica não acobertar erros de outros profissionais. Claro que você e eu sabemos a enorme diferença que existe entre socorrer alguém que foi vítima de um erro médico e acobertar esse erro. Sabemos que acobertar erros médicos é o que fazem os conselhos regionais de medicina que diante de mais de 2 mil denúncias punem, de forma leve, apenas seis profissionais. 





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