segunda-feira, 5 de agosto de 2013

Sul maravilha


                Sempre penso na pequena cidade onde moro como um microcosmo do Brasil. Claro, não temos a diversidade étnica nem a pluralidade religiosa que vemos nas grandes cidades do país. Ademais vivo em uma cidade onde não há um só mendigo, uma única criança que durma nas ruas nem tampouco famílias vivendo em áreas de risco. Bem, é o sul maravilha.
                Sem embargo, há similitudes com outros lugares do país. Por exemplo: o conservadorismo é o mesmo. A mesma sociedade conservadora e careta habita essas latitudes. Nas redes sociais pedem pela diminuição da maioridade penal, execram o sistema de cotas raciais nas universidades, clamam pela pena de morte e odeiam qualquer sintoma de mudança social. Criticam o governo não pelo o que ele faz de equivocado e sim pelo que acerta. É o velho ranço direitista e reacionário.
                Também, como em todo o Brasil, há um número enorme de igrejas neo-pentecostais, evangélicas tradicionais e, é claro, a igreja católica em luta frenética por corações, mentes e bolsos de fieis. O rebanho cresce e é manso.
                Pois bem, assim como em todo o Brasil, os membros dessa sociedade conservadora em quase tudo que pensa e diz, estão indignados e fazem manifestações.  Manifestam-se contra o precário transporte público que temos, contra a corrupção, contra o aumento do gabarito das construções, pela reforma política. E também como em todo o país nem um cartaz, nem uma voz de indignação contra a proposta de reforma do código penal, contra a expulsão de famílias para construção de estádios de futebol, contra a ação violenta da polícia nas reintegrações de posse autorizadas pela justiça ou o assassinato de indígenas e líderes camponeses.
                Como em todo o Brasil, o que vemos é uma sociedade partida, na qual o interesse de alguns assume papel de reivindicação de todos.


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