Depois de deixar
o PT, disputar eleições pelo PV e tentar fundar o Rede Sustentabilidade, agora
vemos Marina Silva desembarcar, muito fagueira, no PSB. Será, provavelmente,
candidata a vice-presidente na chapa de Eduardo Campos.
Bem, até aqui
nada de mais, afinal trocar de partido a cada virada da maré é comum entre
nossos políticos. Ingressar no PSB também não é novidade. O Partido Socialista
Brasileiro há muito tempo virou uma espécie de casa de passagem de trânsfugas,
oportunistas, salafrários e afins. Quer um exemplo? _ Os Bornhausen de Santa
Catarina estão no partido. Pois é, depois de seu pai, Jorge, ter apoiado a
ditadura e freqüentado seus porões na condição de visita ilustre, Paulinho
Bornhausen se filiou ao Partido Socialista e já faz parte de sua executiva
estadual.
Na posse do
filho dileto da família de banqueiros catarinenses, esteve presente o próprio
Eduardo Campos que aproveitou sua visita ao sul para palestrar. Sim, Eduardo
palestrou. Não o fez nos sindicatos, nas associações de moradores nem nas
universidades. Não, Eduardo palestrou na Federação da Agricultura e Pecuária de
Santa Catarina e depois partiu para o Rio Grande. Lá expôs seu ideal socialista
para representantes do setor rural e visitou a Expointer, a Disneylândia do
latifúndio.
Outro ilustre
neo-socialista é Heráclito Fortes. Heráclito, que já andou pela ARENA, PP (o
antigo), PMDB, PDT, PFL e DEM, também converteu-se ao socialismo de Eduardo Campos.
É pela legenda socialista que, provavelmente, disputará uma cadeira na Câmara Federal
em 2014.
O PSB de Campos
é hoje o mais bem acabado exemplo do bundalelê que é a política partidária
brasileira.
Ao receber Marina
Silva em seu partido-albergue, Eduardo Campos discursou. Citou-a como
uma filha do povo que estava dando uma lição de não sei o quê ao país. Campos, como
quase todos os socialistas desse país, se mostra muito encantado e surpreso
quando encontra alguém saído das classes populares. Não é costume dos socialistas
daqui tal convívio. Na maioria dos casos nossos socialistas preferem as
discussões sobre a revolução social em ambientes refrigerados e sob os eflúvios
de um bom uísque. Ficam realmente espantados que alguém, que poderia ser um
parente de seus serviçais, saiba conjugar os verbos e comer usando talheres.
Campos, um
desses socialistas nascidos em solares senhoriais, está muito feliz de poder
exibir sua nova aquisição: uma filha do povo.
Marina, por sua
vez, tem mantido distância segura de temas proletários e demandas populares.
Seu discurso pode ser ouvido e entendido em qualquer apartamento do Leblon, em
qualquer restaurante dos Jardins. Marina, a filha dos seringais, vai aos poucos
se transformando num adorno exótico para ser exibido nas salas dos
inconfessáveis interesses políticos.
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