Pois é, o
partido-ternura de Marina Silva não saiu. Talvez tenha sido melhor assim.
Principalmente para os que já iam se iludindo com a proposta, ou melhor, com a
falta de propostas concretas e palavreado vazio que forma a base ideológica do Rede Sustentabilidade.
Não precisou
passar nem 48 horas depois do STE ter negado seu registro por falta do apoiamento
necessário, para os seguidores e eleitores de Marina Silva terem sua dose nada
homeopática de decepção.
O Rede Sustentabilidade
sustentava sua falta de propostas e de programa de governo sobre o frágil alicerce
da “horizontalidade”. Diziam os marinistas que, no Rede, tudo seria feito
seguindo uma agenda proposta pelos próprios militantes e simpatizantes, através
da rede de computadores, esse novo fetiche dos políticos e marqueteiros.
Que nada, Marina
apareceu muito fagueira no PSB sem nenhuma consulta às bases do Rede. Para lá
foi por vontade própria levando o nome do partido e, segundo alguns analistas, no seio de uma articulação
da oposição de direita.
Em seu discurso,
ao lado do socialista de araque, Eduardo Campos, Marina falou em aliança
programática. Ora bolas, se o Rede sequer tem um programa! Aliás, nem precisa,
afinal o que é um programa de governo, um estatuto partidário, nos dias
interessantes que vivemos?
A ex-senadora
também adotou os bordões “velha política” e “velha república” além de falar em
partido clandestino referindo-se ao Rede Sustentabilidade. Ela quer que creiamos
que aliando-se à Eduardo Campos, aos Bornhausen e à Heráclito Fortes, está
construindo algo novo na política partidária nacional.
Marina Silva, a
filha dos seringais, tornou-se uma típica personagem política brasileira:
personalista, vaidosa, pragmática.
Detentora de um cabedal de mais de 20 milhões
de votos, conquistados na última eleição presidencial, Marina se crê
invulnerável às críticas. Evangélica, se crê predestinada. Ela, que durante os
piores momentos do Governo Lula (reforma da previdência, CPI dos Correios,
intervenção no Haiti), manteve-se muito cômoda no Ministério do Meio Ambiente,
sem nada ter produzido de concreto no comando da pasta, agora fala em “chavismo”
como algo a ser combatido no Governo Dilma. Quando alguém começa a falar em
chavismo, já sabemos aonde quer chegar e com quem quer aliar-se.
O que mais se
questionou sobre a ida de Marina Silva para o PSB é o papel secundário que
ela assumiria na chapa de Campos. Outras legendas como o PDT, o PPS e o PTB
ofereceram o protagonismo à Marina.
Alfredo Sirkis,
um aliado próximo à acreana, não poupou críticas quanto à escolha e à própria
Marina. Disse o ex-verde: _ “Marina é uma
extraordinária líder popular, profundamente dedicada a uma causa da qual
compartilhamos (...). Possui, no entanto, limitações, como todos nós. Às vezes
falha como operadora política comete equívocos de avaliação estratégica e
tática, cultiva um processo decisório ad hoc e caótico e acaba só conseguindo
trabalhar direito com seus incondicionais. Reage mal a críticas e opiniões
fortes discordantes e não estabelece alianças estratégicas com seus pares”.
No dia seguinte, Sirkis
disse que as críticas que fizera eram assunto superado e que acompanharia
Marina em sua aventura “socialista”. Muito coerente, muito coerente.
Nenhum comentário:
Postar um comentário