sexta-feira, 1 de novembro de 2013

Jornalismo final de comédia


Você, é claro, viu no youtube o vídeo no qual o repórter da TV Azteca, do México, pergunta ao diretor do filme “Gravidade” quais foram as dificuldades técnicas e humanas de se filmar no espaço. O vídeo, que se tornou viral, fez com que o jornalista fosse motivo de chacota em todo o mundo.
Não faço idéia se no México, para exercer a profissão de jornalista é necessário ter o curso superior em comunicação como era no Brasil até bem pouco tempo.
Aqui, tal exigência foi abolida pelo Supremo, gerando uma onda de indignação por parte de jornalistas como o veterano Alberto Dines que, apesar de não ser formado, é um dos mais acerbos críticos da decisão do STF. Creio que parte da indignação veio em conseqüência do voto do relator, Ministro Gilmar Mendes, que redigiu uma peça horrorosa, com citações e comparações esdrúxulas. Mas o fato é que quase todos os jornalistas que hoje exercem a profissão no Brasil são formados. Exceção feita aos mais veteranos que começaram na carreira antes de vigorar a exigência do diploma, no final dos anos 60.
Sou daqueles que não vêem a necessidade da formação acadêmica para o exercício da nobre profissão. Se não fosse a convicção que carrego há anos, os fatos me teriam convencido.
A espessa estupidez do repórter mexicano não é algo alheio a nós brasileiros que acompanhamos o jornalismo praticado em nossas TVs. Aqui também, o despreparo, a falta de   cultura geral, a subserviência e a burrice pura e simples fazem parte do cotidiano dos programas informativos.
Ter Leilane Neubarth, Raquel Sherazade ou Eduardo Grillo ancorando noticiários é o cúmulo do desrespeito ao telespectador. Sem falar nos comentários “especializados” de Carlos Alberto Sardenberg, Alexandre Garcia e Merval Pereira, entre outros. Mas tem pior.
Talvez, pelo próprio despreparo dessa gente, só lhes seja possível fazer o que fazem, ou seja, servir de voz aos interesses mais subalternos, aos jogos políticos mais oportunistas, à desinformação programada. São bonecos de ventríloquo que crêem ter opinião.
Nas manifestações que têm ocorrido em todo o país, esses jornalistas de comédia pastelão andam perdidos. Tão perdidos quanto seus patrões que já não sabem o que fazer para transformar a ira dos jovens mascarados em algo útil para seu propósito de desestabilizar o governo.
Uma mostra disso foi a participação do dublê de cineasta e palpiteiro, Arnaldo Jabor. Em quarenta e oito horas este senhor teve de mudar de opinião radicalmente. Num dia os jovens que lutavam nas ruas contra o aumento das passagens de ônibus eram escrachados e tratados como filhinhos de papai por Jabor. Não sei de onde ele tirou a idéia que os mascarados e outros manifestantes eram representantes da velha esquerda dos anos 50.
Dois dias depois, tendo seus patrões intuído que as manifestações poderiam ser dirigidas contra o governo do PT, Jabor passou a tratar esses mesmos jovens como agentes da transformação, da indignação, quase revolucionários. Disse que os pentelhos da véspera, e no momento seguinte heróis do inconformismo, estavam dando uma lição de cidadania.

Não passaram mais que alguns dias para que os patrões do ex-cineasta se tocassem que aqueles mascarados não eram domesticáveis e a verborragia apocalíptica de Jabor não estava ajudando. Mudou-se a estratégia e hoje o que é usado é o escasso vocabulário de Neubarth e Cia: vândalos, baderneiros, mascarados. Mil vezes ao dia escutamos: vândalos, baderneiros, mascarados. E um apelo à restauração da ordem.

Nenhum comentário:

Postar um comentário