sexta-feira, 3 de janeiro de 2014

O leilão da morte


A agenda do Congresso neste ano eleitoral promete ser das mais confusas e absurdas. De olho no voto, nossos congressistas prometem um espetáculo de demagogia e desmandos.
Temas como a diminuição da maioridade penal, questionamento de decisões judiciais por parte de parlamentares, direito de instituições religiosas impetrarem ADIs contra leis aprovadas nos parlamentos, e até mesmo leis de exceção para reprimir manifestações durante a copa, entre ouras bizarrices, podem marcar a reabertura do ano legislativo. Mas não só do Congresso devem vir atentados contra a cidadania  e os direitos humanos.
O próprio governo, ambicionando votos interioranos, que supostamente iriam para a oposição de direita nas eleições gerais desse ano, não só cooptou a líder do feudalismo, a senadora Kátia Abreu, que agora milita na sua base de sustentação, como também adere às teses ruralistas de expropriação de terras indígenas. Promete tirar a FUNAI do processo de demarcação e introduzir órgãos estaduais e municipais na discussão do tema. Segundo Marivaldo de Castro Pereira, secretário de Assuntos legislativos do Ministério da Justiça, as medidas que serão postas em prática ajudarão a dirimir conflitos na questão das demarcações. Ora bolas, por quem nos toma o Sr. Marivaldo? Crê que somos idiotas patológicos? Parece que sim.
Num simplismo que beira o cinismo, Marivaldo apela para o sentido comum e diz: _Se você briga com seu vizinho, onde é mais fácil de resolver, no mediador da esquina, com os dois se cumprimentando, ou levando o problema para o judiciário?
Acontece Marivaldo, que latifundiários nunca foram vizinhos de cumprimentar ninguém. Cumprimento desses senhores feudais é pistoleiro e jagunço. É bala.
Levar a discussão sobre as demarcações de terras indígenas para o âmbito regional é entregar a escolta das galinhas à raposa, ou pra ser mais nacional, ao lobo guará
Qualquer um sabe que entre as práticas políticas do país, está o loteamento de cargos em troca de apoio parlamentar. Não há liderança no Congresso que não tenha filhos, sobrinhos, genros e agregados dirigindo órgãos decisórios nos municípios, nos estados e na administração federal.
É nos pequenos municípios que são eleitos os membros da bancada ruralista. É lá  que sua influência mais se verifica. É  nos grotões e nos municípios do interior do país que esses políticos elegem ou indicam seus parentes e acólitos para cargos, mandatos, comissões. Pois é para lá que o Ministério da Justiça pretende encaminhar as discussões sobre as terras indígenas.
Não satisfeitos com os avanços que vêem conseguindo junto ao governo encabeçado pelo P.T, os ruralistas promoveram um leilão com o intuito de arrecadar fundos para a contratação de pistoleiros e jagunços que lhes garantam o direito de espoliar índios e trabalhadores rurais. Claro que não se trata mais do “litro de mel” de antigamente. Hoje os sicários e matadores são funcionários de empresas de segurança privada que matam com carteira assinada e descontando para o INSS.
Também fica claro que o leilão, que num primeiro momento arrecadou mais de 650 mil reais, não é necessário. Não falta dinheiro aos proprietários das capitanias hereditárias para contratar seus pistoleiros. É apenas um ato de provocação, de ostentação de seu poder crescente e de sua impunidade assegurada pela justiça que eles dominam.




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