O Ministério Público Federal
solicitou junto à justiça a retirada imediata da internet de vídeos de cultos
evangélicos que achincalham e ofendem as religiões afro-brasileiras. O juiz
Eugênio Rosa de Araújo, da 17ª vara federal do Rio de Janeiro, indeferiu o
pedido alegando que não há risco de demora, pois não está em jogo o direito de
exercício de tais práticas nem há perecimento do direito. Assim o Google poderá
apresentar defesa em tempo conveniente sem que os vídeos infamantes sejam
retirados.
Me parece que o magistrado não
entendeu o motivo do pedido. Não se trata de perecimento das práticas nem do
direito de exercê-las. Ninguém está alegando que a existência de tais vídeos
coloca em risco os cultos afro-brasileiros. O caso é de ofensa grave, de
intolerância religiosa e difamação de seus praticantes. O efeito disso é
visível nos comentários dos fanáticos pentecostais feitos nas redes sociais e
nos sítios informativos da internet.
Mas o togado não ficou na
interpretação equivocada do pedido do MPF. Eugênio (o gênio) disse em seu
parecer que os cultos afro-brasileiros não são religiões. Para esse filósofo
contemporâneo, tais cultos carecem de traços necessários para assim serem
considerados. É ele quem aponta tais carências: “a inexistência de texto base
(bíblia, corão, etc), ausência de estrutura hierárquica e ausência de um Deus a
ser venerado”.
Eugênio descrê na tradição oral e
parece desconhecer a existência de culturas ágrafas. Ou talvez pense que sem
escrita para a produção de “texto base” não possa haver adoração de deuses nem
ritos religiosos. Ele também exige hierarquia, quer patentes para que haja
religião. Seu parecer é uma banana atirada aos seguidores de religiões
milenares, à nossa herança cultural, ao nosso povo mestiço.
Em resumo: Eugênio é uma besta.
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