terça-feira, 20 de maio de 2014

O juiz que atira bananas



O Ministério Público Federal solicitou junto à justiça a retirada imediata da internet de vídeos de cultos evangélicos que achincalham e ofendem as religiões afro-brasileiras. O juiz Eugênio Rosa de Araújo, da 17ª vara federal do Rio de Janeiro, indeferiu o pedido alegando que não há risco de demora, pois não está em jogo o direito de exercício de tais práticas nem há perecimento do direito. Assim o Google poderá apresentar defesa em tempo conveniente sem que os vídeos infamantes sejam retirados.
Me parece que o magistrado não entendeu o motivo do pedido. Não se trata de perecimento das práticas nem do direito de exercê-las. Ninguém está alegando que a existência de tais vídeos coloca em risco os cultos afro-brasileiros. O caso é de ofensa grave, de intolerância religiosa e difamação de seus praticantes. O efeito disso é visível nos comentários dos fanáticos pentecostais feitos nas redes sociais e nos sítios informativos da internet.
Mas o togado não ficou na interpretação equivocada do pedido do MPF. Eugênio (o gênio) disse em seu parecer que os cultos afro-brasileiros não são religiões. Para esse filósofo contemporâneo, tais cultos carecem de traços necessários para assim serem considerados. É ele quem aponta tais carências: “a inexistência de texto base (bíblia, corão, etc), ausência de estrutura hierárquica e ausência de um Deus a ser venerado”.
Eugênio descrê na tradição oral e parece desconhecer a existência de culturas ágrafas. Ou talvez pense que sem escrita para a produção de “texto base” não possa haver adoração de deuses nem ritos religiosos. Ele também exige hierarquia, quer patentes para que haja religião. Seu parecer é uma banana atirada aos seguidores de religiões milenares, à nossa herança cultural, ao nosso povo mestiço.

Em resumo: Eugênio é uma besta.

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