sexta-feira, 27 de junho de 2014

Luis Suárez, o canibal da grande área



Um campo de futebol não é propriamente um lugar para meninas do Colégio Sion. Numa cancha se faz e se fala de um tudo. Do mais grosseiro palavrão à botinada mais desleal, tudo se vê numa partida de futebol. Claro, me refiro ao futebol profissional. Entradas por cima da bola e as mais contundentes cotoveladas, que tem como único objetivo intimidar adversários, são comuns desde que a bola é redonda.
Creio até que as coisas já foram piores. Dizem que Bilardo, o técnico campeão do mundo com a seleção argentina, nos seus tempos de jogador, atuava com uma agulha na mão e propinava tremendas espetadas nos adversários que se atreviam a pisar em seu lugar de trabalho, a grande área.
Numa célebre entrevista concedida para a revista Placar, em meados dos anos 70, Almir, o Pernambuquinho, soltou o verbo e contou tudo o que havia feito, visto e ouvido nos gramados e vestiários. Falou de intimidações e doping, violência e lambanças. Almir mostrou a vida nas quatro linhas como ela é. Ou era. Sim, porque agora, para agregar uma nova modalidade de safadeza e deslealdade, temos Luisito Suárez, o canibal da grande área.
Pela terceira vez em sua carreira, Suárez mordeu um adversário. Não lhe deu uma botinada, violenta e intimidadora, não aplicou uma cotovelada desleal e vingativa. Não, Luisito usou, mais uma vez, de seus protuberantes incisivos para agredir quem tentava roubar-lhe a bola. Fosse em outros tempos, de menos câmeras e recursos tecnológicos, suas dentadas talvez passassem despercebidas por torcedores e comissões disciplinares. Hoje não. Milhões de aparelhos de TV mostraram suas canídeas performances. As imagens foram parar no youtube e lá estão eternizadas.
Veio a punição. Não a primeira nem a segunda, pela terceira vez Suárez foi punido pelo mesmo motivo. Da primeira vez foram 7 jogos de suspensão, da segunda, 10 e agora, além dos nove jogos em que não poderá defender a seleção de seu país, Luisito ficará afastado dos gramados por 4 meses.
As revistas, jornais e sítios informativos falam, quase unanimemente, de punição excessiva, de humilhação, de falta de critério do órgão máximo do futebol mundial. Fala-se, e com razão, que qualquer punição dada a Suárez seria arbitrária, fosse ela de apenas um jogo ou a que se aplicou. Sim, é verdade, afinal não há uma jurisprudência da FIFA para aplicar punições. Também falou-se, e nesse caso sem nenhuma razão, que Suárez deveria ser julgado pela dentada em Chiellini e não pelas outras. Ora, em qualquer lugar do mundo, em qualquer legislação, a reincidência na falta é agravante quando se aplicam punições.

Outro argumento dos que acham que a pena imposta foi demasiado rigorosa, trata da entidade que a aplicou. Falam da corrupção mais que evidente na FIFA. Mas, digo eu, a FIFA não está punindo ninguém por corrupção, seu ponto fraco, a punição é disciplinar. Permitir que Luis Suárez continue agindo da maneira como tem agido nos gramados, seria o cúmulo da leniência. Para mim, a punição foi justa, talvez pequena.

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