Sob o comando de Telê Santana, a
seleção brasileira perdeu duas copas seguidas. Em 82 a seleção brasileira
encantou o mundo com um futebol poucas vezes visto numa copa do mundo. Já em 86 as
coisas se complicaram. Zico machucado, Júnior tropeçando na mascara e Sócrates
inventando a maneira mais pernóstica de se bater pênaltis. Ainda assim só fomos
eliminados nos pênaltis pela França de Platini.
A demissão de Telê não causou
surpresa. Entre os argumentos que foram usados para justificar sua saída,
estava o de que ele era pé frio. Pois é, termos como pé frio, iluminado e predestinado
fazem parte do vocabulário de nossa imprensa esportiva. Não só do vocabulário
como de seu conjunto de valores. Para substituir Telê foi chamado Sebastião
Lazaroni. Este sim, um pé quente.
Tri campeão carioca por dois times
diferentes (Flamengo e Vasco), Lazaroni, encarnava o “vencedor”. Depois de
conquistar a copa América em 89, o homem das entrevistas que ninguém entendia
levou para o mundial da Itália uma das mais fracas seleções que tivemos. Caímos
nas oitavas de final para a Argentina, depois de uma difícil classificação na
fase de grupos.
De Lazaroni ficou apenas sua frase
imorredoura: “A seleção brasileira precisa galgar parâmetros.”
A campeã daquele torneio foi a
Alemanha. No banco, regendo os campeões, estava Franz Beckenbauer envergando
elegante paletó e dirigindo uma equipe de futebol pela primeira vez em sua vida.
Na mesma copa Paulo Roberto Falcão fazia sua estréia como comentarista. Com sua
voz de piloto brasileiro de fórmula 1 e seus comentários moderados, no melhor
estilo rede globo, Falcão ganhou
admiradores.
Na hora de substituir Lazaroni a
escolha parecia óbvia para cartolas e palpiteiros: Falcão era o nome adequado.
O modelo a ser seguido tinha de ser o
alemão e Falcão vestia paletós maneiros como Beckenbauer e também nunca fora
treinador. Tudo coincidia. Não tinha
erro.
Ainda me lembro de um comentário de
Elias Júnior, que naquela época disputava com Datena a honra de manusear o saco
do Luciano do Vale. Dizia o pequeno puxa:_ Não vamos ver mais agasalhos
deselegantes no banco de reservas.
O cara tava fascinado com o paletó do
Falcão.
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