As imagens exibidas na ESPN Brasil são claras. A leitura
labial não deixa nenhuma dúvida. A moça gritava macaco, macaco , macaco para o
goleiro Aranha, do Santos. Não que o arqueiro tivesse feito alguma falta
violenta num jogador do Grêmio ou estivesse cometendo algum ato
anti-desportivo. Obviamente, que mesmo que
tivesse feito algo digno de censura, Aranha não poderia ter sido alvo do
ataque racista perpetrado pela torcedora gremista. Mas não houve nada que
“justificasse” o ato da moça. As imagens de TV não mostram uma pessoa possessa,
alguém que, por paixão futebolística, tivesse perdido o uso da razão. Não
mostram uma tresloucada.
A gremista, com a fisionomia calma e fazendo concha com as
mãos , usou do espaço público para extravasar seu racismo, sua intolerância,
sua desconformidade com o fato de nosso país ser um país multi-étnico,
multi-racial. Ela não xingou o juiz que
supostamente prejudicou a equipe gaúcha. Não chamou de burro o técnico que não
soubera armar sua equipe. Não. Preferiu guardar seus pulmões para chamar de
macaco um jogador negro que estava mais próximo de si e de sua estupidez.
Não se pode, penso eu, descaracterizar a atitude da
torcedora. Não foi um ato de discriminação (tipificação mais branda na lei que
pune o racismo), não foi uma ofensa pura e simples. Foi uma ofensa racista e
ponto. Não há como ver de outra maneira, e nossas autoridades, tão lenientes quando
se trata desse tipo de crime, não podem alegar dificuldade de identificar a
criminosa.
Imagino que nas redes sociais já devem circular opiniões
defendendo a torcedora racista. Dirão que ofensas fazem parte do futebol e que
a moça queria apenas desestabilizar emocionalmente o atleta do Santos. Dirão
que ela nem é racista e tem “até” uma amiga negra. Haverá quem diga que isso é
culpa do governo que, através das cotas raciais, estimula a segregação. E algum “comediante” irá se pronunciar contra
o “politicamente correto”.
Nesse mais recente caso de racismo, creio, o pior está por
vir.
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