Não tem nenhuma cidade chamada Jorge. Não digo Jorge de Lima,
Jorge Lacerda ou São Jorge de qualquer coisa. Eu queria uma cidade chamada
apenas Jorge. Eu me sentiria homenageado de alguma forma se tal cidade
existisse. Lá iria de vez em quando para caminhar por ruas que seriam minhas,
seriam as ruas de Jorge. Em Jorge eu passaria minha lua de mel, o dia dos meus
anos e muitos feriados.
Para Jorge eu transferiria meu título de eleitor e embora
nada entendesse da política local de Jorge, lá eu votaria. Não nos homens
ilustres de Jorge, mas no Chico da Farmácia ou no Tião da Serrinha.
Emplacaria minha
bicicleta em Jorge e de lá mandaria cartões postais que é coisa que ninguém
mais manda e assim todos os que conheço também conheceriam Jorge; sua praça com
chafariz, sua igreja matriz, sua zona.
Jorge poderia ficar na Turquia, no Piauí ou na Escócia, mas
eu gostaria mesmo que ficasse em Minas, num vão da Serra do Cipó passando um pouquim
de Conceição do Mato Dentro, quase chegando no Serro.
Jorge seria minha cidade adotiva, meu refúgio, minha Pasárgada.
E quando no verão, todos fossem para a praia, eu iria para Jorge para reclamar
do calor e beber cachaça de litro.
Mas não tem nenhuma Jorge e já impaciente, aquela parte de
mim menos dada a viagens imaginárias, logo me cutuca e para encerrar o assunto
diz lá dentro de minha preguiçosa consciência:_ Jorge não tem, tem Claudio,
pode ser?
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