sexta-feira, 8 de agosto de 2014

Templo de Salomão

Do auto denominado “bispo” Edir Macedo, o melhor que se pode dizer é que a fama o precede. Macedo é homem que não precisa de detratores. Os muitos vídeos postados nas redes sociais por ele e seus acólitos, assim como outros, dados a conhecer por ex-colaboradores, são suficientes para mostrar as mil e uma facetas desse “homem de Deus”.
Agora o temos de volta às manchetes por motivo da construção de sua nova casa de negócios, o Templo de Salomão, obra gigantesca localizada no bairro do Brás, em São Paulo e orçada em mais de 680 milhões de reais.
Como se trata de Edir Macedo, as manchetes que contam do templo e sua prestigiada inauguração, estão também no caderno de polícia, afinal a construção do monstrengo está eivada de ilicitudes. Do alvará à remoção e depósito da terra retirada do local, tudo padece de vícios e irregularidades como aponta o Ministério Público. A terra, que estava contaminada, foi parar na USP e deixou alunos, professores e pesquisadores fora do campus por longo período. Sequer a vistoria do Corpo de Bombeiros foi feita. Para poupar à obra de Deus o precioso tempo que seria gasto com essas formalidades, a prefeitura paulistana emitiu uma licença especial de funcionamento. 
 Para não ficar de fora  das graças divinas, o poder legislativo também atuou, e a área onde se encontra a empresa religiosa foi excluída pelos vereadores da cidade de São Paulo do que se denomina ZEIS (Zona Especial de Interesse Social). Essa inexplicável exclusão poupou alguns milhões ao empresário que deveria destinar 40% do terreno para construção de moradias populares caso a obra constasse como construção nova.
Como o alvará usado para a obra é um alvará para reforma (reforma de uma edificação que já havia sido demolida dois anos antes do início das obras do templo) e não alvará de construção, outros 35 milhões deixaram de ser arrecadados pelo município, pois como rege a lei de edificações da cidade de São Paulo, para obras acima de determinado tamanho (e a igreja de Macedo supera em muito esse padrão), devem ser recolhidos aos cofres municipais 5% do valor da obra para investimento na região.
Não obstante todas as denúncias de irregularidades (muitas delas com a cumplicidade do poder público), estiveram presentes à inauguração da lojinha de Macedo, nada menos que a Presidenta Dilma, o Governador Alkimim e o Prefeito Fernando Haddad, além de representantes do judiciário.
Macedo, que agora ostenta uma barba digna de profeta de filme de Cecil B. DeMille, é possuidor de um dócil e numeroso rebanho que pode definir uma eleição apertada como prometem ser a eleição presidencial e a corrida pelo Palácio dos Bandeirantes, daí a fila para o beija mão. Nada mais assombra quando se trata de Edir Macedo e da política nacional.



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