A primeira eleição em que votei foi em 1976. Não havia
eleição direta para prefeitos das capitais. Me sobrou, para estrear como
eleitor, o voto nos vereadores. Naquela época, com o bipartidarismo, só havia
dois tipos de voto: contra ou a favor da ditadura.
Um amigo me indicou um ex-colega seu do secundário que
tentava a vaga na Câmara dos Vereadores de Belo Horizonte pelo MDB. Na última
hora o cara retirou a candidatura por discordar do sistema eleitoral que
engessava qualquer tipo de manifestação dos candidatos. Acabei votando nulo.
Deixei escrito na cédula “abaixo a ditadura” e me dei por satisfeito. Muito
mais que isso não se podia fazer.
Com a redemocratização, participei da primeira eleição direta
para governadores. Meu voto seria para Roberto Saturnino Braga, candidato
natural do PMDB fluminense, mas o partido negou-lhe a legenda e preferiu lançar
o nome de Miro Teixeira, afilhado político de Chagas Freitas.
Após o primeiro debate entre os candidatos ao governo do Rio
fiz minha escolha: Leonel Brizola. O PMDB pregava o voto útil. Tratava-se,
segundo eles, de fortalecer o partido herdeiro daquele que enfrentara a
ditadura e não dividir a oposição. Muita
gente embarcou nessa conversa e ainda hoje me lembro das caras constrangidas de
Chico Buarque e Edu Lobo participando da propaganda de Miro.
Passado o pleito, me dei conta de que voto útil tinha sido o meu,
pois ajudara a eleger o grande estadista que, ademais, tinha como vice Darcy
Ribeiro. Votei em Leonel de Moura Brizola em todas as eleições desde então.
Depois de sua morte nunca mais votei tão convicto, tão feliz.
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