terça-feira, 7 de outubro de 2014

A teoria do bundalelê



Numa entrevista, Érico Veríssimo disse que como não era formado em nada podia tecer as teorias que quisesse. A frase do grande escritor gaúcho abriu para mim o infinito. Deu-me aval. Cortou-me os últimos laços da pudicícia. Me dei conta que também não tenho uma reputação profissional com a qual me preocupar. Não zelo por nada. Posso elaborar, com o maior despudor, teorias sobre tudo.
Pois bem, minha nova teoria é que todas as teorias que tentam explicar os resultados das urnas estão erradas. Se eu tenho alguma explicação melhor? Claro que não. Não faço a mínima idéia do que leva um sujeito a votar nesse ou naquele projeto de governo. Nesse ou naquele político.
Sei sim que entre os que defendem e os que atacam o governo, existe uma enorme confusão. Tentam encaixar as preferências de mais de 140 milhões de eleitores nas suas teorias fabricadas no conforto do ar condicionado.
No mapa da distribuição de votos nota-se o que poderia ser qualificado como um bundalelê eleitoral.  Na Paraíba, por exemplo, onde Dilma foi a mais votada para presidente, os dois candidatos ao governo do estado que vão disputar o segundo turno, pertencem a partidos que fazem oposição ao governo federal. No Amapá, estado que deu mais de 51% dos votos à Dilma, dá-se o mesmo.
Minas Gerais, estado natal de Aéreo Neves, elegeu em primeiro turno, o candidato do PT ao governo do estado e deu maior número de votos à Dilma, mas elegeu o senador do PSDB.
No Acre, um dos dois estados onde Marina venceu, os dois candidatos ao governo estadual que vão para o segundo turno são Tião Viana do PT e Márcio Bittar do PSDB. O senador eleito é do PP.
Para a Câmara dos deputados e Assembléias Legislativas foram eleitos postulantes cuja única bandeira é a derrocada do PT. E o partido de Lula e Dilma teve mais de 8 milhões de votos sobre o segundo colocado no primeiro turno. No país onde a maior parte da população é pobre, os ruralistas e outros endinheirados aumentaram sua representatividade no Congresso Nacional. Teremos o Congresso mais conservador desde a república velha. O PT perdeu cadeiras nas duas casas legislativas assim como o PMDB, o maior partido da base de apoio.
O resultado dessa eleição, e acho que de qualquer outra, não tem explicação pelos manuais dos politicólogos. É bundalelê mesmo.



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