quinta-feira, 2 de outubro de 2014

O Hulk e eu



Eu ia escrever alguma coisa pra sacanear um pouquinho o ator americano que apoiou Marina Silva e menos de 24 horas depois, retirou seu apoio, mas não posso. Ou melhor, posso, mas me envergonho. Acontece que fiz algo parecido dias atrás.
Não, eu não insuflei meus milhões de admiradores a votarem nesse ou naquele candidato, não usei de minha imagem pública para apoiar candidaturas. Não foi isso. Apenas compartilhei no facebook uma postagem pela legalização do aborto postada por um grupo de católicas que advogam pela propoata.
No afã de demonstrar apoio à causa, esqueci de pensar. Não fui pesquisar o que pensam essas católicas, favoráveis à interrupção da gravidez, sobre temas que para mim são tão importantes quanto. Seriam essas senhoras favoráveis à evangelização dos povos indígenas?  O que pensam sobre a legalização das drogas? Sobre a homossexualidade? Sobre a sexualidade? Que nem um Hulk depois da gripe, me apressei.
Afinal, não era uma postagem de uma senhora que casualmente fosse católica e sim de um grupo que põe adiante de sua opinião sobre a legalização do aborto, sua fé.
A lei absurda que manda prender e submeter a júri popular as mulheres que praticam aborto é tão absurda quanto a que manda prender alguém que fuma maconha ou cheira cocaína. Em ambos os casos são, as leis, causadoras de mortes de milhares de pessoas todos os anos no país. Pessoas pobres, que fique claro, afinal quem tem dinheiro faz aborto em clínicas caras ou no exterior e se fuma maconha será tratado como usuário e não traficante como acontece com os meninos pobres que apertam um na encolha.
Claro, uma pessoa pode ser pela legalização das drogas e contra a legalização do aborto e vice-versa, mas quando deixa a pessoalidade para se integrar a um grupo, seja ele católico, budista, nazista ou qualquer outro, está assumindo uma série de valores inerentes a esses grupos.
O mesmo se dá com a questão da evangelização dos índios. Aqui não é uma lei e sim a falta dela que continua permitindo essa prática que remonta o século 16. É justo, em nome da cultura dominante, da fé dominante, destruir crenças seculares? Os católicos acham que sim. Os cristãos acham que sim.
Possivelmente as senhoras católicas que advogam pela causa justa e nobre da legalização do aborto, pensam que sim. Que se deve evangelizar os índios.


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