Havia uma discussão no Senado sobre a lei que trata do
trabalho escravo. Ela ocupou a tribuna e, com argumentos que por pudor não vou
tentar reproduzir, procurou de todas as formas desqualificar outros
parlamentares, organizações da sociedade civil, organismos internacionais e
qualquer um que não fosse latifundiário. Deixou claro que se não há grilhões,
chibatas e pelourinhos, não há trabalho escravo.
Em outro momento, escrevendo para a Folha de São Paulo,
resolveu dar lições de antropologia e mais uma vez desmereceu o trabalho de
todos aqueles que não se dispõem a exterminar os índios e tomar suas terras. Os
argumentos que usou para sustentar sua tese também não merecem ser repetidos.
Agora, essa senhora está com um pé no Ministério da
Agricultura. Se ela fosse convidada para o cargo por um governo encabeçado pelo
PP ou pelo DEM seria coerente. Se ela formasse parte de um governo do Aécio ou
do Picolé de Chuchu tampouco causaria espanto. Mas não, dona Kátia Abreu será
ministra da agricultura de um governo comandado pelo Partido dos Trabalhadores.
Como pode ser que uma pessoa que faz de tudo para que o
trabalho escravo não seja combatido no país se torne ministra de um governo
minimamente democrático, minimamente decente?
Como é possível que uma pessoa que defende as teses mais
esdrúxulas, quando trata da questão indígena, possa fazer parte de um governo
que se diz progressista?
Mas, verdade seja dita, o nome da Miss Motosserra já havia sido ventilado meses atrás, quando se cogitou de uma reforma ministerial. Vários ministros estavam deixando suas pastas para disputar cargos eletivos e para substituir o titular da agricultura apareceu o nome da latifundiária.
Parecia um balão de ensaio, uma sondagem para avaliar reações. Hoje, podemos perceber que a escolha de Kátia Abreu para a pasta da agricultura já estava resolvida, esperando apenas a vitória nas urnas para que fosse efetivada. Foi uma
traição do PT. aos seus militantes e eleitores. Mais uma.
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