Sob o título “Ecos do rancor, herança do ódio” o colunista
Carlos Brickmann, do Observatório da imprensa, comenta o tema dos ódios que
emanaram na última eleição. Para além da fronteira política foram cometidas
todas as atrocidades em nome da disputa eleitoral. Brickmann, em poucas linhas,
faz uma crítica das mais sérias e necessárias. Mas não é disso que quero falar.
Depois de seu arrazoado sobre os rancores e ódios, Brickmann tráz
umas “curtinhas” com muito humor. Entre outras coisas, Brickmann dá uma alfinetada numa grande
revista, segundo ele, muito orgulhosa da qualidade de seu texto e que, no
entanto, mandou esta: “As startups são o seguimento de maior apelo entre os
jovens”. Brickmann corrige o erro comum de confundir-se seguimento (do verbo
seguir) e segmento (parcela, fração), mas nada diz das “startups”. Nem ele nem
meu corretor de texto. Ou melhor: meu corretor quer que startups seja masculino
numa frase e deixa que seja feminino na outra. Mas não sublinha o termo em
vermelho como faz até com o nome de Monsueto. Meu corretor de texto não morou
na filosofia e não tem idéia de quem foi Monsueto, mas aceita startup como se
fosse vernáculo.
Se você pensa que vou discordar da revista quanto a avaliação
que faz do apelo das startups entre os jovens, você está profundamente
enganada.E não discordo por uma simples razão: não faço a menor idéia do que
seja uma (ou um) startup. Tampouco espere que eu vá pro Google pesquisar do que
se trata. Não. Essa minha ignorância eu quero intacta. Me recuso
terminantemente a saber o que é uma startup com problemas de gênero. Não vou
sucumbir a essa esculhambação (meu zeloso corretor me aconselha a não usar
esculhambação. Ele prefere desordens, desmoralizações) do idioma. Continuarei a
cometer erros em português. Prefiro confundir segmento com seguimento do que
chafurdar nos estrangeirismos condenados pela gramática e pelo bom senso. Pois
disso se trata: bom senso.
Morou?
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