quinta-feira, 4 de dezembro de 2014

Mora na filosofia



Sob o título “Ecos do rancor, herança do ódio” o colunista Carlos Brickmann, do Observatório da imprensa, comenta o tema dos ódios que emanaram na última eleição. Para além da fronteira política foram cometidas todas as atrocidades em nome da disputa eleitoral. Brickmann, em poucas linhas, faz uma crítica das mais sérias e necessárias. Mas não é disso que quero falar.
Depois de seu arrazoado sobre os rancores e ódios, Brickmann tráz umas “curtinhas” com muito humor. Entre outras coisas, Brickmann dá uma alfinetada numa grande revista, segundo ele, muito orgulhosa da qualidade de seu texto e que, no entanto, mandou esta: “As startups são o seguimento de maior apelo entre os jovens”. Brickmann corrige o erro comum de confundir-se seguimento (do verbo seguir) e segmento (parcela, fração), mas nada diz das “startups”. Nem ele nem meu corretor de texto. Ou melhor: meu corretor quer que startups seja masculino numa frase e deixa que seja feminino na outra. Mas não sublinha o termo em vermelho como faz até com o nome de Monsueto. Meu corretor de texto não morou na filosofia e não tem idéia de quem foi Monsueto, mas aceita startup como se fosse vernáculo.
Se você pensa que vou discordar da revista quanto a avaliação que faz do apelo das startups entre os jovens, você está profundamente enganada.E não discordo por uma simples razão: não faço a menor idéia do que seja uma (ou um) startup. Tampouco espere que eu vá pro Google pesquisar do que se trata. Não. Essa minha ignorância eu quero intacta. Me recuso terminantemente a saber o que é uma startup com problemas de gênero. Não vou sucumbir a essa esculhambação (meu zeloso corretor me aconselha a não usar esculhambação. Ele prefere desordens, desmoralizações) do idioma. Continuarei a cometer erros em português. Prefiro confundir segmento com seguimento do que chafurdar nos estrangeirismos condenados pela gramática e pelo bom senso. Pois disso se trata: bom senso.
Morou?



Nenhum comentário:

Postar um comentário