A Ministra Carmem Lúcia contou no plenário do Supremo uma
estorinha que ela ouviu de um professor na faculdade de direito. Era mais ou
menos assim: Um homem encontrou na rua uma carteira e prontamente foi à
delegacia entregá-la. A carteira, que havia sido roubada, foi restituída ao seu
dono e o caso teve uma certa repercussão.
Anos depois o homem que encontrara a carteira teve seu nome incluído
numa lista tríplice para ocupar um cargo na magistratura estadual. O governador,
a quem incumbia a escolha, não o conhecendo perguntou a um de seus
assessores se este o conhecia. O assessor disse que não, que dele só sabia que
estivera envolvido no caso de uma carteira roubada.
Há um filme americano que conta algo que tem a ver com a
estória narrada pela Ministra Carmem Lúcia. O nome do filme é Bob Roberts e é
dirigido e estrelado por Tim Robbins. O enredo é mais ou menos este: Um
político jovem, bonitão e conservador está disputando uma vaga no senado com um
velho senador democrata que tenta a reeleição. O jovem político também é cantor de
música folk e muito carismático. No jogo sujo promovido por ele em cumplicidade
com a imprensa conservadora, é publicada uma foto na qual se vê o velho senador
(interpretado por Gore Vidal) em seu carro acompanhado de uma jovenzinha mal
entrada na adolescência. Gera-se um escândalo que o próprio senador esclarece
publicando a mesma foto que, diferentemente da primeira publicada, não fora
cortada e nela se via que no carro, junto à jovenzinha, estava a neta do
senador. Era apenas isso: um avô que saíra de passeio com a neta e sua amiga.
Na reta final da campanha um noticiário de TV falando da
disputa, cita, sem nenhum motivo, que o velho senador estivera envolvido num
caso com uma menor de idade.
Nós também temos nossa imprensa conservadora que, como vimos
na última disputa presidencial, não tem o menor pudor de insinuar, mentir,
manipular.
Essa imprensa também gosta de citar “envolvidos”.
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