domingo, 8 de fevereiro de 2015

O Papa e os guarda-chuvas



O Papa Francisco andou falando umas coisas meio vagas sobre pobreza e capitalismo. Nada que já não tenha sido dito por pontífices que o antecederam e outros líderes religiosos O palavreado vazio de Francisco parece coisa de político em campanha e tem o mesmo dom de iludir o eleitorado.
 Bastaram algumas palavras, vagas e imprecisas, para que Francisco fosse novamente citado como o Papa dos pobres. Alguns mais afoitos o chamaram de comunista. O que foi rebatido imediatamente por Sua Santidade e pelo Vaticano. Como se precisasse.
O que Francisco tenta é salvar sua igreja e conter a debandada de fiéis que migram para as seitas neo-pentecostais e outros negócios de fé. O número de fiéis é o que dá prestígio e determina a influência das religiões sobre as nações. Cada fiel, um voto.
Mas ninguém pode dizer que o Papa apenas falou e nada fez com relação aos despossuídos.
Para aproveitar a ocasião e manter a popularidade, Francisco mandou distribuir 300 guarda-chuvas para os sem teto de Roma. (Tem chovido muito na capital italiana.) Mas a igreja romana não precisou recorrer aos cofres, já tão comprometidos com honorários advocatícios e indenizações para ex-coroinhas e outros meninos, para a compra dos tais guarda-chuvas. O Papa dos pobres distribui guarda-chuvas que haviam sido esquecidos por turistas no Vaticano. Haverá quem diga que a providência divina tem caminhos misteriosos.
Nas redes sociais a doação dos guarda-chuvas fez enorme sucesso. Ninguém parece ter visto nada de ridículo ou demagógico na doação. Todos viram na doação da coisa alheia mais uma prova da santidade de Francisco.
 Mas, mais que as ações são as palavras do Papa que fazem sucesso. Mesmo quando fala asneiras o Papa faz sucesso.
Em recente viagem às Filipinas, o Sumo Pontífice disse que os católicos devem deixar de se reproduzir como coelhos. Não tenho idéia se os católicos filipinos se reproduzem como coelhos, o que sei é que populações de países extremamente católicos, como Portugal, têm decrescido e o número de filhos por casal caiu muito no Brasil, o maior (ainda) país católico do mundo. Isso se dá, creio, porque os católicos há muito tempo que não ligam para as proibições da igreja de Roma. Nessa mesma fala Francisco reiterou a posição contrária do Vaticano ao uso de métodos contraceptivos artificiais. O Papa quer mesmo é abstinência.
Mas o pronunciamento de Francisco que mais sucesso fez foi o da semana passada. O Papa defendeu o uso da pancada na educação dos pequenos. Francisco, o Papa bom pra caralho, disse com todas as letras que se deve bater em crianças. Foi a apoteose. Nas redes sociais e nas caixas de comentários dos sítios informativos, homens, mulheres, jovens e mesmo crianças foram unânimes em apoiar os castigos físicos em quem não pode se defender.
 Entre os católicos são poucos os que pretendem abster-se de suas relações sexuais ou deixar de usar meios contraceptivos. Tampouco esses fiéis deixarão de amealhar riquezas e exibi-las no instagram e no facebook, mas quanto às pancadas, Sua Santidade pode contar com obediência plena.


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