Não faz nem 10 anos, o Dalai Lama era um dos líderes mais
prestigiados do mundo. Onde quer que fosse era recebido com banda de música, tiros
de canhão, coro infantil e o escambau. O Dalai era uma celebridade. Sua causa:
a libertação do Tibete do domínio chinês. Era legal para as potências
ocidentais apoiar a luta terrestre do Dalai Lama e beber de seus ensinamentos
celestiais.
Mas aí aconteceu o que tinha de acontecer: a China tornou-se
o maior comprador de matérias primas de todo mundo. Já não ficava bem fustigar
o país oriental que vinha num crescimento anual de mais de 10% com recriminações
sobre a ocupação do Tibete. O negócio era vender pros chineses e rapidamente a
causa tibetana deixou de interessar aos governantes, à imprensa e aos budistas
de fim de semana.
O próprio Dalai Lama se tocou, e depois de não ser recebido
com honras de chefe de estado nos EE.UU, como era de costume, abdicou da
liderança política dos tibetanos e passou a se dedicar apenas aos temas
espirituais. Era o fim das limousines e tapetes vermelhos para ele.
Com menos fama e prestígio, mas com muito oba oba, Yoanis
Sanchez também ocupou lugar de destaque na política por algum tempo. Seus
financiadores deram-lhe, além da grana, o status de lutadora da democracia em
Cuba. A moça viajou, palestrou, teve seus 15 minutos de celebridade e vai
desaparecendo como a Kelly Key e o Restart, sem que ninguém se dê conta. Yoanis
já não conta.
Com a reaproximação dos EE.UU e Cuba e o possível fim do
embargo, Yoanis Sanchez deixou de ser útil aos interesses americanos. Na
tentativa de isolar a Venezuela, Obama acenou para a ilha com promessas de
amizade. Claro, já não fazia sentido ficar numa implicância pueril com o
governo da pobre e inofensiva Cuba quando o que interessa são os milhões de
barris de petróleo que a Venezuela produz logo ali, no quintal da grande
potência e que o governo bolivariano teima em manter estatizado e longe das
mãos das petroleiras americanas.
O Dalai Lama ao passar o bastão da liderança política para um
monge mais moço e se retirar para algum mosteiro, o fez com grande dignidade.
Já Yoanis não aceitou bem seu descarte e mesmo antes de Obama e Raul Castro se
pronunciarem sobre a nova etapa das relações entre seus países, a opositora
profissional do socialismo escreveu no sítio “14 y médio” que estava triste pela
reaproximação e disse que era uma “vitória do castrismo” e que “no jogo
político os totalitarismos sempre conseguem se impor sobre as democracias”.
Depois voltou atrás no twiter e disse que a reaproximação tinha sabor de
capitulação para o regime cubano.
Se a retirada do Dalai Lama do jogo político teve algo de
Greta Garbo, a saída de cena de Yoanis Sanchez mais se assemelha a um botequim
fechando de madrugada.
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