Há pouco mais de duas semanas a polícia baiana matou 12
jovens na periferia de Salvador. Diante da chacina o governador Rui Costa
pronunciou-se fazendo uma analogia futebolística. O governador comparou os
assassinos com um artilheiro diante da meta adversária. Nada disse sobre
apurações, perícia técnica ou afastamento dos policiais envolvidos. Preferiu a
comparação estúpida e não voltou atrás nem mesmo quando setores da sociedade o
criticaram.
Rui Costa é um governador do PT. E não é um petista de última
hora; está no partido desde 1982. É puro sangue.
A chacina e a declaração do governador deveriam merecer o
repúdio e a indignação de todos. Principalmente dos revoltados que se manifestaram
dia 15 contra o Partido dos Trabalhadores e o governo que encabeça. Seria quase
óbvio, para os que se manifestaram em Salvador, ligar o governador do estado ao
governo federal e expor sua falta de sensibilidade ao comentar a morte dos
meninos e sua incompetência no que tange à segurança pública.
Segundo as edições eletrônicas da Tribuna da Bahia e d’A
tarde nada disso aconteceu. Ambos os jornais só falam dos cartazes e palavras
de ordem contra o governo da Presidenta Dilma e generalidades contra a
corrupção. A morte dos meninos por policiais, que estão sob o comando de um
governador petista, não causou a indignação que causa o aumento do preço dos
combustíveis ou a tabela do imposto de renda.
A omissão dos manifestantes diante da incúria do governador
baiano não me surpreende. Os governos do PT não são criticados por seus erros e
sim por seus acertos por essa camada da população que faz manifestações e vai
atrás do trio elétrico do Lobão. Caso Rui Costa resolva implantar ciclovias ou criar
um programa de inclusão social de travestis através da educação, aí sim
merecerá a indignação e a vaia. Enquanto sua polícia estiver chacinando meninos
negros da periferia, ele terá o silêncio cúmplice, a compreensão pelos “excessos”
da polícia e até mesmo o aplauso dos revoltadinhos.
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