domingo, 5 de abril de 2015

Os escrotinhos



A moça você conhece. Era blogueira do Globo e tentava a carreira de escrotinha profissional. Em seu blog Silvia Pilz esculachou pobres e negros para deleite do seu público composto pela classe média imbecilizada. Mas uma coisa Silvia não sabia: para ser escrotinho há que se ter foco, escolher como possíveis esculachados os mais frágeis econômica, racial e socialmente. Silvia além de escrotinha é burra e num texto no qual há a pérola “Todo mundo quer ser branco e ter os olhos claros” ela passou do ponto esperado por seu público escrotinho e falou de maneira escrota das crianças com síndrome de Down.
A falta de experiência no universo escrotinho fez com que Silvia não se desse conta que a síndrome de Down não escolhe classe social nem raça. Que entre seus leitores e fãs poderia haver pessoas que fossem pais ou parentes de portadores da síndrome. Foi seu fim. Seu blog já não está sob a bandeira dos Marinho. Sua trajetória pública como escrotinha foi curta.
Do outro lado da linha há os escrotinhos de larga data.
Há décadas, Luis Carlos Prates milita do ramo da escrotidão. Ele é um precursor, um baluarte desse modo de ser, mas estava confinado aos canais de TV e jornais de Santa Catarina e seu destino era ser um escrotinho de província como tantos outros. Isso antes do fenômeno da Internet e das redes sociais.
Com o advento desse meio de comunicação Prates ganhou o Brasil e pode ser visto em dezenas de vídeos no Youtube. Sua capacidade ilimitada de dizer estupidezes vem ganhando admiradores. O alvo preferencial de seus mais iracundos comentários são os pobres e qualquer pessoa que não admire a ditadura. Esses últimos merecem dele a expressão “esquerdistas pútridos”. Para aqueles ele exige que não procriem.
Num comentário recente, Prates, que se diz psicólogo de formação, resolveu atacar os depressivos. Chamou-os de covardes existenciais e disse que devem ser execrados e desprezados. Acho que dessa vez Prates forçou a mão. Não creio que seja o fim de sua carreira como escroto televisivo, mas certamente perderá alguns seguidores entre os escrotinhos mais sensíveis.
Se Silvia Pilz fazia o gênero escrotinha cínica pós politicamente correto e Prates o escroto sargentão histriônico, Cláudio Tognolli prefere o tipo escrotinho liberal politizado. Seu campo de ação é vasto e seu público está em ebulição.
Tognolli é co-autor da biografia de Lobão (quer coisa mais escrota?) e adora dar furos e notícias bombásticas no seu blog hospedado no Yahoo. Como bom escrotinho que é, tem mania de conspirações e ações secretas que o resto de nós ignora e seus fiéis leitores compartilham aos montes pelas redes sociais.
Assim como Silvia, Prates e demais escrotinhos, Tognolli adora escrachar pobres. Para os beneficiários do Bolsa Família e eleitores do PT ele cunhou a expressão “raspa-pratos”. Ele sabe que para ser escrotinho nos dias de hoje há que se mostrar ódio pelos miseráveis e pelos que, vindos da pobreza, ascendem socialmente.

Nas manifestações de rua, jornais, TVs e redes sociais os escrotinhos são os que mais se destacam e a cada dia somam mais adeptos. Ser escrotinho está na moda.

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