Esta semana veio à luz o maior escândalo do futebol de todos
os tempos. O que muitos sabiam e todos desconfiavam agora é mostrado sob a lupa
dos investigadores do FBI. Esquemas
foram destrinchados, foi dado nome aos bois. Dirigentes foram presos (entre eles José Maria Marin, o homem que apontava comunistas nos tempos da ditadura) e o poderoso
chefão da FIFA renunciou ao mandato poucos dias depois de reeleito.
O escândalo de alcance mundial ganhou manchetes em todos os
órgãos de informação pelo mundo afora. Eu disse “todos”? Pois me enganei. A
revista Veja trouxe na capa de sua última edição um ovo.
Não era um ovo metafórico ou filosófico que questionasse
primogenituras ou antecedências. Era um prosaico ovo e do ovo se falou. Tratava
a matéria de fundo do semanário, pelo que pude perceber lendo apenas a chamada
de capa, da reabilitação do injustiçado ovo.
A revista que dá capa e manchete para o escândalo do primo do
ministro que deve a prestação das Casas Bahia segundo fontes ligadas ao
porteiro do prédio, dessa vez não se interessou pelo farto material divulgado
pela polícia americana.
Talvez porque esteja tudo provado através de confissões (como
a do empresário mafioso J. Havila), escutas telefônicas e documentos. Veja
parece preferir o disse-me-disse, o falatório de corredores e a denúncia anônima
para manchetear. E há também o fato do escândalo não envolver ninguém do
governo. A solução foi apelar para o ovo.
Na edição digital da revista, Constantino escreveu algo sobre
o escândalo da FIFA. O que disse Constantino? Eu não sei, eu não leio o
Constantino.
O que me intrigou foi mesmo o ovo. Por qual motivo Veja trata
assim seus leitores negando-lhes uma capa que abordasse o tema que todos
comentam?
Creio que foi a empáfia
que levou a publicação a falar do ovo. Veja crê que têm domados seus leitores e
que esses vão se interessar pelo ovo se assim a revista desejar. Veja os manda
bater panelas e eles batem, os manda para a rua aplaudir Bolsonaro e outros
golpistas e eles vão. Por que não comprariam o ovo como prato principal?
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