O julgamento de Cesare Batisti na Itália foi uma farsa
jurídica. As únicas provas dos assassinatos imputados a Batisti eram
testemunhais. Testemunhos dados por antigos companheiros do militante que,
culpando-o isoladamente pelos feitos inocentavam-se. Eram os beneficiários da delação.
A Itália vivia momentos de sede de justiça, eram muitos os
casos de atos “terroristas” que deixavam os italianos em estado de constante
prontidão e medo. A prisão, julgamento e condenação de Batisti traziam para
aquela sociedade um falso sentimento de segurança e conforto. Era a resposta
rápida do estado que a população exigia. Essa, como outras farsas ocorridas
naquele país, serve até hoje de paradigma para os justiceiros e indignados
daqui. A delação premiada dos ex-companheiros de Batisti virou exemplo a ser
seguido. Pelo menos para o juiz Sérgio Moro.
É o que estamos vendo no caso da operação lava-jato e seu
desdobramento jurídico.
Todo o caso, que deveria contar com o mais apurado serviço de
Inteligência e investigação, visto que os implicados são detentores de
grandes fortunas e força política, vem se tornando uma espécie de gincana de
delações. Ganha quem mais delatar. Os pontos são contados em dobro quando o
delatado faz parte do governo federal ou está filiado ao PT. A imprensa hegemônica
comanda o show de prêmios no horário nobre da TV com direito a caras e bocas de
seus “jornalistas” no melhor estilo Pedro Bial. E quando o show parece esfriar
vem de encomenda uma nova delação tão imprecisa e filtrada quanto as que a
antecederam. (As delações são sempre
feitas às sextas-feiras para entrar na edição das revistinhas semanais).
Num país como o nosso onde os direitos fundamentais são
negados aos cidadãos mais pobres quando estes se defrontam com a justiça, parte
da população acha natural que esses mesmos direitos sejam negados também aos
ricos e poderosos. Não advoga pelo respeito aos preceitos que devem reger uma
sociedade baseada no estado de direito. Clamam isto sim, pela cova rasa do
atropelo do devido processo legal para todos. A esse clamor os meios de (des) informação fazem
eco.
Claro que os que detêm dinheiro e poder, diferentemente do
povo pobre, recorrem das arbitrariedades na Corte Suprema e acabam ficando
impunes quando os processos pelos quais respondem são considerados nulos por
vício original. Foi o que aconteceu na Operação Satiagaha que teve esse fim
depois de todo o esforço policial que indiciou graúdos do mais alvo colarinho.
A Lava-jato vai pelo mesmo caminho.
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