quarta-feira, 1 de julho de 2015

Operação gincana



O julgamento de Cesare Batisti na Itália foi uma farsa jurídica. As únicas provas dos assassinatos imputados a Batisti eram testemunhais. Testemunhos dados por antigos companheiros do militante que, culpando-o isoladamente pelos feitos inocentavam-se. Eram os beneficiários da delação.
A Itália vivia momentos de sede de justiça, eram muitos os casos de atos “terroristas” que deixavam os italianos em estado de constante prontidão e medo. A prisão, julgamento e condenação de Batisti traziam para aquela sociedade um falso sentimento de segurança e conforto. Era a resposta rápida do estado que a população exigia. Essa, como outras farsas ocorridas naquele país, serve até hoje de paradigma para os justiceiros e indignados daqui. A delação premiada dos ex-companheiros de Batisti virou exemplo a ser seguido. Pelo menos para o juiz Sérgio Moro.
É o que estamos vendo no caso da operação lava-jato e seu desdobramento jurídico.
Todo o caso, que deveria contar com o mais apurado serviço de Inteligência e investigação, visto que os implicados são detentores de grandes fortunas e força política, vem se tornando uma espécie de gincana de delações. Ganha quem mais delatar. Os pontos são contados em dobro quando o delatado faz parte do governo federal ou está filiado ao PT. A imprensa hegemônica comanda o show de prêmios no horário nobre da TV com direito a caras e bocas de seus “jornalistas” no melhor estilo Pedro Bial. E quando o show parece esfriar vem de encomenda uma nova delação tão imprecisa e filtrada quanto as que a antecederam.  (As delações são sempre feitas às sextas-feiras para entrar na edição das revistinhas semanais).
Num país como o nosso onde os direitos fundamentais são negados aos cidadãos mais pobres quando estes se defrontam com a justiça, parte da população acha natural que esses mesmos direitos sejam negados também aos ricos e poderosos. Não advoga pelo respeito aos preceitos que devem reger uma sociedade baseada no estado de direito. Clamam isto sim, pela cova rasa do atropelo do devido processo legal para todos.  A esse clamor os meios de (des) informação fazem eco.
Claro que os que detêm dinheiro e poder, diferentemente do povo pobre, recorrem das arbitrariedades na Corte Suprema e acabam ficando impunes quando os processos pelos quais respondem são considerados nulos por vício original. Foi o que aconteceu na Operação Satiagaha que teve esse fim depois de todo o esforço policial que indiciou graúdos do mais alvo colarinho. A Lava-jato vai pelo mesmo caminho.


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