No programa esportivo falava-se
dos elefantes brancos que foram construídos para a Copa. Especialmente do Mané
Garrincha. Um dos maiores estádios do país foi erguido numa cidade onde não há
um só time nas três principais séries do futebol brasileiro. (O Gama, equipe
mais popular do DF, está na série D onde ocupa a 2ª colocação no Grupo 6) Falou-se
do custo de manutenção, do preço da obra, totalmente bancada com dinheiro
público, etc. O discurso da presidenta Dilma durante a inauguração também foi exibido.
Falou-se também do pouco uso que
a praça esportiva estava tendo, ao contrário do que preconizavam o então presidente
da CBF e atual detento, José Maria Marin e a presidenta Dilma. Desde o mundial a “arena”
recebeu apenas alguns jogos de times do Rio, deixando prejuízo para os
organizadores. Mais nada.
O apresentador do programa, André
Rizek, comentou, valendo-se de uma reportagem do Correio Brasiliense, que o
estádio havia sido alugado pelas participantes da Marcha das Margaridas que ali
realizariam uma pelada festiva no encerramento de seu encontro. Rizek perguntou
aos participantes do programa o que era a Marcha das Margaridas. Não foi uma
pergunta retórica. Não foi uma indagação usada como mote para esclarecer algum telespectador desinformado.
Rizek realmente não sabia do que se tratava. Seu tom de voz não deixava dúvidas
sobre isso. Sidney Garambone, um dos participantes do programa, gracejou: _É
algum encontro de fãs do Pato Donald? Garambone, jornalista que ocupa cargo de
chefia, também não sabia do que se tratava. Nenhum dos dois se mostrou
constrangido com a própria ignorância. Gracejaram.
O desconhecimento desses
jornalistas, desses formadores de opinião sobre os movimentos sociais não é de
se estranhar. Eles fazem parte do Brasil oficial, do Brasil do bom emprego e do
diploma universitário. O Brasil real, o Brasil das reivindicações sociais, da
enxada e da foice para eles é um grande desconhecido. Fosse o João Dória Jr. que
tivesse alugado o estádio de Brasília para algum convescote de grã-finas eles
certamente dariam detalhes do evento.
Mas o mais constrangedor, o que
provoca vergonha alheia, é que esses jornalistas do Brasil oficial criticam a
pouca participação política dos brasileiros.
Outro dia, quando se especulou
sobre o interesse de um time inglês pelo atacante Pato, torcedores do Corínthians
invadiram a página que o tal clube mantém numa rede social e lá deixaram
comentários elogiando Alexandre Pato. Postavam as mensagens como se fossem
torcedores do time inglês incentivando a contratação. Rizek achou engraçada a
manifestação dos corintianos, mas não deixou passar a oportunidade para arengar
que se os brasileiros tivessem essa mesma mobilização para cobrar dos políticos
e dos governantes blá blá blá...
Chega a ser ridículo que um
sujeito que desconhece uma manifestação social como a Marcha das Margaridas
cobre participação política dos outros. Claro, para Rizek e outros que tais,
participação política é enviar “email”, para o “site” do deputado. O resto é
vandalismo ou não existe.
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