quarta-feira, 12 de agosto de 2015

Marcha das Margaridas



No programa esportivo falava-se dos elefantes brancos que foram construídos para a Copa. Especialmente do Mané Garrincha. Um dos maiores estádios do país foi erguido numa cidade onde não há um só time nas três principais séries do futebol brasileiro. (O Gama, equipe mais popular do DF, está na série D onde ocupa a 2ª colocação no Grupo 6) Falou-se do custo de manutenção, do preço da obra, totalmente bancada com dinheiro público, etc. O discurso da presidenta Dilma durante a inauguração também foi exibido.
Falou-se também do pouco uso que a praça esportiva estava tendo, ao contrário do que preconizavam o então presidente da CBF e atual detento, José Maria Marin e a  presidenta Dilma. Desde o mundial a “arena” recebeu apenas alguns jogos de times do Rio, deixando prejuízo para os organizadores. Mais nada.
O apresentador do programa, André Rizek, comentou, valendo-se de uma reportagem do Correio Brasiliense, que o estádio havia sido alugado pelas participantes da Marcha das Margaridas que ali realizariam uma pelada festiva no encerramento de seu encontro. Rizek perguntou aos participantes do programa o que era a Marcha das Margaridas. Não foi uma pergunta retórica. Não foi uma indagação usada como mote  para esclarecer algum telespectador desinformado. Rizek realmente não sabia do que se tratava. Seu tom de voz não deixava dúvidas sobre isso. Sidney Garambone, um dos participantes do programa, gracejou: _É algum encontro de fãs do Pato Donald? Garambone, jornalista que ocupa cargo de chefia, também não sabia do que se tratava. Nenhum dos dois se mostrou constrangido com a própria ignorância. Gracejaram.
O desconhecimento desses jornalistas, desses formadores de opinião sobre os movimentos sociais não é de se estranhar. Eles fazem parte do Brasil oficial, do Brasil do bom emprego e do diploma universitário. O Brasil real, o Brasil das reivindicações sociais, da enxada e da foice para eles é um grande desconhecido. Fosse o João Dória Jr. que tivesse alugado o estádio de Brasília para algum convescote de grã-finas eles certamente dariam detalhes do evento.
Mas o mais constrangedor, o que provoca vergonha alheia, é que esses jornalistas do Brasil oficial criticam a pouca participação política dos brasileiros.
Outro dia, quando se especulou sobre o interesse de um time inglês pelo atacante Pato, torcedores do Corínthians invadiram a página que o tal clube mantém numa rede social e lá deixaram comentários elogiando Alexandre Pato. Postavam as mensagens como se fossem torcedores do time inglês incentivando a contratação. Rizek achou engraçada a manifestação dos corintianos, mas não deixou passar a oportunidade para arengar que se os brasileiros tivessem essa mesma mobilização para cobrar dos políticos e dos governantes blá blá blá...

Chega a ser ridículo que um sujeito que desconhece uma manifestação social como a Marcha das Margaridas cobre participação política dos outros. Claro, para Rizek e outros que tais, participação política é enviar “email”, para o “site” do deputado. O resto é vandalismo ou não existe.

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