terça-feira, 18 de agosto de 2015

Meryl Streep, uma paixão



Eu tinha vinte e poucos anos e havia perdido um amor. Mais de um ano se passara e a paixão continuava intacta, doendo. Eu sabia que a única maneira de curar aquela dor era me apaixonar de novo. E eu tentava. Ah, como eu tentava. Mas era só cruzar com Ela pela rua ou vê-La de longe e o coração disparava.
Lembro de um dia: Ela vinha da praia e eu descia a Santa Clara. Parou pra falar comigo. Me contou de uma viagem que fizera. Até hoje não sei quem estava com Ela. Não sei nem o sexo de quem estava com Ela. Era assim que acontecia: Ela aparecia e o mundo acabava, o fôlego sumia, as palavras me abandonavam. Eu sofria.
Por vezes eu pensava em desistir de encontrar outro amor. Era o tempo da amizade colorida e eu tinha umas amigas. Quando sossegava a libido eu me metia no cinema. Havia um embaixo do prédio onde eu morava. Vi muitos filmes naquela época. E foi aí que aconteceu.
Passavam “A mulher do tenente francês”. E lá estava a mulher que eu esperava para me apaixonar com seus cabelos ruivos cacheados, sua pele pálida, aquelas mãos que falavam. Pois é, eu me apaixonei por Meryl Streep.
Meryl não era tão linda quanto Ela nem tinha aquela voz doce e o sorriso espontâneo de menina, mas tinha seus encantos; uma delicadeza e uns olhares de deixar a gente pensando.
Outro dia a vi (a Meryl). Foi na entrega do Oscar e ela (Meryl) aplaudia entusiasmada uma colega premiada que no seu discurso falava de diferenças salariais entre homens e mulheres em Hollywood. Parece que a discrepância é enorme. Enquanto os galãs ganham 10 ou 12 milhões de dólares para fazer um filme, as atrizes protagonistas têm de se contentar com apenas 5 ou 6 milhões. Um disparate.
Mas o que me entristeceu foi a última notícia que li sobre Meryl. Minha antiga paixão (a Meryl) se colocou contra a legalização da prostituição como sugeriu a Anistia Internacional. Não estamos falando da regulamentação da profissão e sim de sua descriminalização pura e simples. Meryl é contra. Os argumentos que ela (Meryl) e outras pessoas usam para criticar o documento da A.I (que, todavia está em fase de discussão) são pueris. Praticamente os mesmos usados pelos que defendem a proibição das drogas.
Claro que vou perdoar Meryl Streep por esse deslize. Sempre acabamos por perdoar aquelas que amamos um dia. Mas poxa Meryl, como você é complicada!


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