sexta-feira, 25 de setembro de 2015

Caça ao menino negro







O PSDB governava e o PT fazia oposição. Durante os 8 anos de FHC (os últimos 4 comprados em moeda forte) não houve um só episódio de agressão de simpatizantes tucanos, embora as medidas tomadas por aquele governo fossem totalmente contrárias ao ideário petista. (As privatizações, por exemplo). Nenhum episódio de ódio explícito, como os que agora assistimos, foi registrado.
Enquanto a canalha tucana governou para os bancos e o grande capital, a classe média assistiu impavidamente sem soltar um piu. Não faltavam manchetes de Veja e outros meios "insuspeitos" denunciando corrupção e manobras das mais sujas. O que era apurado pela polícia dormia na gaveta do Procurador Geral da República.  Havia muita coisa para indignar-se, para bater panelas, para fazer manifestações, mas quem hoje assume ares de paladino da moral e da boa governança nada viu. Ou melhor: viu sim, mas como não havia favelados no shopping nem negros nas universidades nem direitos trabalhistas para as empregadas domésticas, tudo parecia em paz. Não havia motivo para manifestações. Foi só o povo pobre receber algumas ínfimas migalhas, algum reconhecimento pelo seu lavor na forma de um salário mínimo um pouco menos infame, alguma dignidade e pronto: a revolta se espalhou.

Não, não é contra a corrupção que as panelas bateram nas varandas gourmet, foi contra os pobres, contra o fim de alguns poucos privilégios. As panelas, agora mudas, pois passou a modinha, se transformaram em porretes nas mãos de playboys de academias. Do alto dos prédios protegidos por grades e alarmes anti-pobre o espetáculo da caça ao menino negro poderá ser acompanhado pela gente de bem. Já não precisarão bater panelas apenas sacudirão as cabeças em histéricas gargalhadas de delírio por mais um linchamento. O ruído será o mesmo.

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