O PSDB governava e o PT fazia
oposição. Durante os 8 anos de FHC (os últimos 4 comprados em moeda forte) não
houve um só episódio de agressão de simpatizantes tucanos, embora as medidas
tomadas por aquele governo fossem totalmente contrárias ao ideário petista. (As
privatizações, por exemplo). Nenhum episódio de ódio explícito, como os que
agora assistimos, foi registrado.
Enquanto a canalha tucana governou para
os bancos e o grande capital, a classe média assistiu impavidamente sem soltar
um piu. Não faltavam manchetes de Veja e outros meios "insuspeitos"
denunciando corrupção e manobras das mais sujas. O que era apurado pela polícia
dormia na gaveta do Procurador Geral da República. Havia muita coisa para indignar-se, para
bater panelas, para fazer manifestações, mas quem hoje assume ares de paladino
da moral e da boa governança nada viu. Ou melhor: viu sim, mas como não havia
favelados no shopping nem negros nas universidades nem direitos trabalhistas
para as empregadas domésticas, tudo parecia em paz. Não havia motivo para
manifestações. Foi só o povo pobre receber algumas ínfimas migalhas, algum
reconhecimento pelo seu lavor na forma de um salário mínimo um pouco menos
infame, alguma dignidade e pronto: a revolta se espalhou.
Não, não é contra a corrupção
que as panelas bateram nas varandas gourmet, foi contra os pobres, contra o fim
de alguns poucos privilégios. As panelas, agora mudas, pois passou a modinha,
se transformaram em porretes nas mãos de playboys de academias. Do alto dos
prédios protegidos por grades e alarmes anti-pobre o espetáculo da caça ao
menino negro poderá ser acompanhado pela gente de bem. Já não precisarão bater
panelas apenas sacudirão as cabeças em histéricas gargalhadas de delírio por mais um
linchamento. O ruído será o mesmo.
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