segunda-feira, 2 de novembro de 2015

Mirim





            Outro dia, uma página virtual dedicada à língua portuguesa publicou um texto com a palavra "expert". Eu estranhei o uso do termo estrangeiro e fiz um comentário. Ninguém gostou. Chamaram-me chato. Disseram que esse tipo de crítica ao uso de estrangeirismos era picuinha e que os idiomas são vivos e incorporando novas locuções, cresce.
            Não tenho dúvida sobre isso e advogo pela incorporação da criação popular, pelo acolhimento das gírias e dos neologismos. Mas como pode algo crescer pela extirpação? O uso de "expert" em vez de experto não acrescenta nada, apenas substitui uma palavra de nosso idioma por outra estrangeira que tem o mesmo significado.
             Ainda há pouco, abri a página do jornalista Leonardo Sakamoto que cedeu seu espaço por uns dias para que mulheres se manifestassem sobre os temas relevantes do feminismo. Achei muito apropriada a adesão do jornalista a essa proposta de feministas principalmente nesses dias pós Enem quando até mesmo Simone de Beauvoir foi atacada por machistas, fundamentalistas e boçais de ambos os sexos.
              No primeiro da série de textos escritos por mulheres no Blog do Sakamoto me deparei com o nome do grupo feminista do qual a autora fazia parte: Think Olga. Deixei pra lá a bobagem da nomenclatura e comecei a ler. O artigo fazia referência ao caso Valentina e ao programa Master chef. (É praticamente impossível achar um programa de TV que não tenha algum estrangeirismo no nome ou nas chamadas publicitárias). A versão infantil do programa era tratada pela autora como versão "Kid".Com três tecladas a autora aboliu não só a palavra infantil como a contribuição luxuosa do tupi, mirim. Para acrescentar ao idioma o vocábulo estrangeiro, extirpou-lhe duas palavras de uso corriqueiro e com o mesmíssimo significado. Por quê? Por pura tolice.
           

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