sábado, 9 de janeiro de 2016

Omissão verde





            A empresa tinha como meta expandir sua produção e não ia perder tempo construindo uma nova barragem para receber os dejetos. Foram jogando o refugo da mineração nas barragens que já existiam. Uma das barragens arrebentou e provocou mortes, gente desabrigada, poluição jamais vista, mortalidade da flora e da fauna por centenas de quilômetros e comprometimento de sistemas biológicos marinhos. Ninguém foi preso pelo crime. A grande (?)  imprensa faz reportagens burocráticas sobre o acontecimento e, muito cautelosa, enche seus textos de "provável", "suposto" e "estudos preliminares" diferentemente do que costuma escrever quando o assunto é a criminalização da pobreza e protestos populares. Quando se trata disso as certezas abundam antes mesmo de qualquer investigação ou veredicto judicial.
            A omissão e parcialidade da imprensa quando de empresas poderosas se trata, não pode surpreender ninguém. Fosse um vazamento de petróleo num navio ou plataforma da Petrobrás tudo seria diferente, o tratamento seria outro. A petroleira estatal está na mira dos privatistas e dos entreguistas tão bem representados na imprensa dos Marinho e dos Frias e algum dano que provocasse ao ambiente ou a terceiros serviria de pretexto para iracundos editoriais e caras e bocas de Leilane Neubarth. Mas foi uma empresa privada a autora do crime. Privada e com capital estrangeiro na sociedade que a constituiu. Sendo assim, não faltou canja de galinha nem cautela na abordagem dos eventos.
            Mas se a imprensa não surpreende mais ninguém, o mesmo não se pode dizer dos ambientalistas. Esses ainda gozam da credibilidade dos incautos. No entanto, parece que ONGs e outros empreendimentos que zelam pelo ambiente só se interessam por desastres e catástrofes futuras. Seu negócio são as  previsões. Tal qual acontece com os bruxos de fim de ano, não importa se as previsões não se confirmem. No outro dezembro lá estarão eles dando certezas sobre o porvir. Quanto ao passado recente e ao presente que se ocupem outros.
             Ainda que não mereça de minha parte e de boa parcela da população nenhum crédito, vale perguntar: Onde está o Grenpeace, sempre tão presente e palpiteiro, numa hora dessas? E todas aquelas organizações que se manifestavam contra a tranposição do Rio São Francisco? E o Partido Verde? E Marina Silva, proprietária da última bolacha do pacote? Sumiram.  Nem um pio, ou melhor, alguns tímidos pios para o pior crime ambiental da história recente do país. Nada mais. Era de se esperar que o Grenpeace mandasse batalhões de militantes para o local do crime. Que fizessem análises das águas, que agissem ou, pelo menos, sugerissem ações para a reposição das espécies animais e vegetais afetadas pela lama tóxica como fazem nas barragens das hidrelétricas.
            Assim como a imprensa, a classe política, salvo raras exceções, também não surpreende mais ninguém. Nada se espera dela além do discurso demagógico e oportunista. Marina Silva, que tem sua imagem ligada à causa ambiental, está mais preocupada em aderir tardiamente aos planos de derrubar o governo seja lá do jeito que for e o Partido Verde volta-se para a candidatura de Álvaro Dias, seu mais novo filiado, à presidência. Se algo fazem, o fazem às escondidas para não desagradar futuros aliados e financiadores que, em se tratando dessas organizações partidárias, (PV e Rede Sustentabilidade) podem vir de qualquer lugar, inclusive das mineradoras.




         
           

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