sexta-feira, 11 de março de 2016

Noblesse oblige





            Ulisses Guimarães não fazia grandes campanhas, não era um campeão de votos nem mantinha comitê eleitoral. Sequer tinha uma zona de influência específica. Se elegia com votos que pingavam em todas as urnas. Dizia o Dr. Ulisses que em qualquer gaveta de comitê eleitoral havia irregularidades, havia dinheiro escuso ou mal havido. Caixa dois, no mínimo. Hoje, que as campanhas são milionárias, dificilmente se elegeria. Mesmo com sua história, mesmo com seu passado e serviços prestados à democracia, dificilmente se elegeria.
            No entanto, quando morreu Dr. Ulisses estava a bordo de uma aeronave que pertencia a um empresário. Não digo que a carona aérea que resultou na sua morte toldou sua  história, maculou sua vida. Não, não chego a tanto, mas, pelo menos para mim, foi decepcionante saber que o Sr. Diretas, o fiador da constituição cidadã andava recebendo mimos dos ricos. Pois disso se trata: mimos.
            Para aqueles que ocupam ou ocuparam determinados cargos o recebimento de presentinhos, mimos, favores e empréstimos deveria ser proibido, se não pela lei pelo menos pela decência. Nem o mais ingênuo dos cidadãos crê no desinteresse dos que brindam tais coisas aos ocupantes de cargos públicos. Ainda assim a aceitação de tais regalos e benesses é largamente difundida entre nossa classe política. É tão comum que serve para explicar aquisições inexplicáveis, hospedagens onerosas e até pensões para ex-mulheres.
            Ademais, esses favores e gentilezas nunca se referem ao urgente ou ao imprescindível. São sempre luxos, facilidades que só os muito ricos desfrutam. São diárias em hotéis caros, carros importados emprestados (quando não dados) aviões e helicópteros a disposição, sítios, iates, apartamentos de alto padrão. Tudo emprestado como se o dono não fizesse uso ou se abstivera de fazê-lo para agradar ao "amigo".
     

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