Queridas Irmãs Carmelitas Descalças, sinto muito que palavras de baixo calão proferidos por políticos brasileiros tenham ido ferir vossos ouvidos acostumados aos cânticos e ao latim. No entanto devo dizer-vos que aqui, fora do claustro, o palavrão é algo comum. Todos falamos palavrões, principalmente nós, da classe proletária.
Quando martelamos o dedo não nos ocorre pedir aos céus paciência e resignação. Soltamos logo um palavrão. Principalmente um que fala em dar à luz por meretrizes. Se um juiz de futebol erra contra nosso time dizemos em coro e em linguagem chula que sua mãe prevaricou ou o mandamos praticar sexo anal mesmo contra sua vontade ou desejo.
Não usamos os palavrões apenas para ofender, muitas vezes elogiamos com palavrões. Se uma comida é boa dizemos que é boa pra pênis. Uma música que nos toca é uma música do pênis. Se admiramos alguém dizemos que esse um é coito.
Temos também ditos populares recheados de palavrões. Quando falamos de causas e conseqüências dizemos que "passarinho que come pedra sabe o ânus que tem". Ao nos referirmos a algo que está desconforme aludimos que "forma de ânus é falo". Outro dito muito popular é o "ânus de bêbado não tem dono" usado nas mais diversas situações. Entre amigos, carinhosamente, nos tratamos por homossexuais ou filhos de hetairas sem que isso tolde a amizade, pelo contrário.
Espero que vosso refúgio não mais seja violado por nossa linguagem popular e doravante só a língua dos anjos sejam ouvidas por vossas mercês.
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