sexta-feira, 18 de março de 2016

Queridas irmãs, desculpai os palavrões





Queridas Irmãs Carmelitas Descalças, sinto muito que palavras de baixo calão proferidos por políticos brasileiros tenham ido ferir vossos ouvidos acostumados aos cânticos e ao latim. No entanto devo dizer-vos que aqui, fora do claustro, o palavrão é algo comum. Todos falamos palavrões, principalmente nós, da classe proletária.
Quando martelamos o dedo não nos ocorre pedir aos céus paciência e resignação. Soltamos logo um palavrão. Principalmente um que fala em dar à luz por meretrizes. Se um juiz de futebol erra contra nosso time dizemos em coro e em linguagem chula que sua mãe prevaricou ou o mandamos praticar sexo anal mesmo contra sua vontade ou desejo.
Não usamos os palavrões apenas para ofender, muitas vezes elogiamos com palavrões. Se uma comida é boa dizemos que é boa pra pênis. Uma música que nos toca é uma música do pênis. Se admiramos alguém dizemos que esse um é coito.
Temos também ditos populares recheados de palavrões. Quando falamos de causas e conseqüências dizemos que "passarinho que come pedra sabe o ânus que tem". Ao nos referirmos a algo que está desconforme aludimos que "forma de ânus é falo". Outro dito muito popular é o "ânus de bêbado não tem dono" usado nas mais diversas situações. Entre amigos, carinhosamente, nos tratamos por homossexuais ou filhos de hetairas sem que isso tolde a amizade, pelo contrário.
Espero que vosso refúgio não mais seja violado por nossa linguagem popular e doravante só a língua dos anjos sejam ouvidas por vossas mercês.

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