segunda-feira, 18 de abril de 2016

PT: lições e caminhos

 




É só um exemplo, um pálido exemplo, mas vou citá-lo. Ontem, Alfredo Nascimento renunciou à presidência do PR para votar pela admissão do processo de impeachment. (Seu partido havia fechado questão contra o golpe.) Nascimento foi ministro dos transportes no primeiro governo Lula. Foi com esse tipo de gente que o PT achou que poderia governar o país. Foi apoiando Sarney para que o velho coronel permanecesse na presidência do Senado, quando gravações telefônicas davam conta de nomeações irregulares e do nepotismo escandaloso que era praticado pelo senador, que o PT apostou na governabilidade a qualquer custo.. 
Pois aí está a governabilidade propalada. Aí estão os aliados do PT e seus votos pela destituição de Dilma, uma das poucas pessoas honradas da política brasileira. Aí estão os votos dos aliados Maluf, Nascimento, Edinho Araújo (que também foi ministro) e outros que tais. Aí está a base de sustentação mantida a propinas e cargos. Aí está o mensalão, até hoje negado por tantos petistas, que nada ensinou.
De que serviram as concessões feitas à bancada evangélica? De que adiantou misturar-se ao lixo da política brasileira? De nada. Ao primeiro vento forte os ratos abandonaram o navio. Na cabeça dos dirigentes petistas era viável uma aliança com o PMDB, um partido que esteve em todos os governos pós redemocratização e saiu de todos eles quando as circunstâncias se tornaram difíceis para aportar no governo seguinte e negociar cargos e vantagens. Como alguém pode se surpreender com a traição de Temer? De Jucá? De Sarney?
Que lições o PT irá tirar dos últimos episódios? Chegará a conclusão que a única aliança confiável é com o povo? Ou vai seguir negando seus erros? Vai apoiar uma reforma política radical como não fez enquanto estava aliado aos que não a querem? Irá fazer oposição de esquerda ou seguirá apostando na cooptação da burguesia? Voltará às origens ou seguirá no caminho dos partidões que não sabem existir sem o poder?
Espero que o Partido dos Trabalhadores se regenere, mas se não fizer uma autocrítica profunda não conte mais com meu voto.

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