segunda-feira, 6 de junho de 2016

E eu ali




 E eu ali, encostado à parede sob a marquise estreita.
 A chuva caindo.
 As gotas redondas, gordas
 respingando nos meus pés.
 O vento. A madrugada fria.
 E eu ali, sem cigarros sem esperança sem vontade.
 nem dor nem medo. Sequer tristeza.
 A velha bicicleta por companhia.
 E eu ali. Os pés na terra tão perto do mar.
 O rugido das ondas gritando coisas que eu não entendia.
 E eu ali querendo frouxamente que a chuva amainasse
 olhando a corredeira crescer junto ao meio fio.
 A água rolando galhos, papéis, lembranças
 pedaços indefiníveis de coisas mortas.
 E eu ali ainda à espera de que alguém cantasse ou se atirasse pela janela.




Nenhum comentário:

Postar um comentário