terça-feira, 23 de maio de 2017
O romântico do São João Barista
Ele andou pelas ruas de Copacabana
com aquele buquê enorme
eram rosas brancas e amarelas
e mais umas florzinhas miúdas
Da Miguel Lemos até o túnel velho
parou em muitos botequins
comprou cigarros, bebeu conhaque
tomou cerveja para refrescar
Levava seu terno branco
e uma flor na lapela
ele também uma parte do buquê
com seu sorriso sério
Quem o viu passar
pensou num incorrigível romântico
daqueles que às duas da tarde
levam flores para a amada
Cruzou o túnel sem pensar nas flores
apenas aspirando o odor a mijo e umidade
o bafo quente e o barulho dos carros
arrefecendo-lhe os passos
Chegou ao São João Batista
percorreu as alamedas contemplando
a última morada dos ricos
e atirou as flores sobre um túmulo qualquer.
Diante da morte
Ele não fazia discriminações
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