quarta-feira, 30 de agosto de 2017

Espartilho





Um espantalho andarilho
se encontrou com um espartilho
_Para aonde vais, protetor do milho?
_Ora, para Esparta, meu filho




Nossos fracassos





            Como se fosse uma série de terror, numa mesma temporada se elegeram Menen, Fujimore e o infame Collor de Merda. No Brasil, ainda havia boas opções, como nos disse Leonel Brizola no último debate do 1° turno. Brizola pedia aos eleitores que dessem um não rotundo às candidaturas de Maluf e Collor. Dizia até que quem não gostasse dele que votasse em outros candidatos que não representassem o atraso como o alagoano e o paulista. "Há gente digna concorrendo" dizia o estadista.
             Na Argentina, não havia tal opção. A única outra candidatura viável era a de Angeloz, outro representante do mesmo projeto neo-liberal. No Peru, dava-se o mesmo. Vargas Llosa era a outra voz do conservadorismo que disputava a presidência do país andino.
            E começaram as privatizações. Collor sequer servia para fazer o serviço sujo do entreguismo e logo foi sacado do comando da nação com o auxílio nada luxuoso da Globo. Fernando Henrique foi o nome escolhido para vender o país a preço de banana em fim de feira. Para a Globo, o "mercado" e seus porta-vozes, FHC andava meio lento com as privatizações e lembro da Lilian Fritebife dando uns ataques ao vivo no Jornal da Globo e elogiando Menen, que vendia rapidinho todo o patrimônio argentino incluindo las palomas de la Plaza de Mayo
            Outro que também advogava pelas privatizações era o Luís Nassif. O neo-petista naquela época era neo-liberal. Ainda me lembro de um dia em que ele fazia a defessa da entrega com argumentos tão fajutos que quem o escutou logo pensou, assim como eu, em má fé ou algo pior.
            Fernando Henrique, que recusava a pecha de neo-liberal, foi mais competente que Collor e torrou tudo. Lá se foram a Vale e tantas outras empresas de telefonia, eletricidade e recursos minerais para as mãos cobiçosas do empresariado externo e para alguns nacionais que se associavam ao capital gringo e enchiam a burra depois, vendendo sua participação no negócio. Banco do Brasil, Correios, Caixa Econômica e Petrobrás escaparam da sanha privatista por milagre ou, quem sabe, pelo resto de  escrúpulos que ainda possuía FHC. Escrúpulos que o tempo extinguiu.
            Com a chegada do Partido dos Trabalhadores ao poder, gente ingênua como eu pensou que o processo poderia ser revisto e que nosso patrimônio poderia voltar a pertencer à Nação. Qual nada. Faltou vontade, faltou coragem, faltou culhão. Claro que se eu e outros babacas tivéssemos lido com atenção a "Carta aos Brasileiros", essa ilusão não teria durado mais que o tempo de um leilão na bolsa de valores. Em favor de Lula e Dilma, pode-se dizer que, pelo menos, não entregaram nada mais que o prometido na "Carta".
            Onde quero chegar com essa arenga? Ora, no óbvio. Que os males perpetrados contra o Brasil e sua população por este governo ilegítimo e corrupto que aí está, dificilmente serão revogados ou revistos ou anulados, mesmo que o governo eleito em 2018 (se houver eleições) seja de perfil progressista. Certamente haverá uma nova carta aos brasileiros para tranquilizar os beneficiários da rapinagem. A origem de nossos fracassos é a falta de coragem.




         
         

sábado, 26 de agosto de 2017