Martinha Suplichic teve um chilique e saiu atirando. Disse que ou
o PT muda ou acaba. Quem só leu a manchete ou a chamada da entrevista da senadora
deve ter pensado que a Diva dos Jardins estava falando de uma volta às origens
ou algo parecido. Só que não. Na mesma entrevista Martinha teceu elogios à nova
equipe econômica que anda fazendo tudo o que o PT combatia nos seus dias de
oposição. Martinha qualificou a equipe de “experiente e qualificada”.
Mas não foi só Martinha que elogiou a equipe econômica de
Dilma. O ex-presidente do Banco Central durante o reinado de FHC, Armínio Fraga,
disse que seu ex-aluno Joaquim Levy “é uma ilha de competência num mar de
mediocridade, com honrosas exceções”. Aloisyo Nunes Ferreira, o tucano barra
pesada, também elogiou Levy.
O silêncio da AV. Paulista com relação ao novo comandante da
economia, também pode ser ouvido como um elogio. O fim das desonerações do setor
automobilístico, por exemplo, serão fartamente compensadas com o arrocho salarial e
uma possível aprovação de projeto de lei que tramita no congresso e versa sobre
terceirização.
O projeto, segundo li, é de cunho nitidamente neo-liberal.
Limita ao extremo a atividade fim de uma empresa fazendo com que grande parte do
pessoal possa ser terceirizada. Uma fábrica de sapatos, por exemplo, poderia
considerar que o funcionário que empacota seu produto não está ligado à atividade
fim que é confeccionar sapatos, portanto poderia ser terceirizado.
A terceirização é uma ferramenta de barateamento de mão de
obra, mas geradora de lucro para as empresas terceirizadoras. Ou seja: só o
trabalhador sai perdendo. Seu trabalho passa a gerar lucro para duas empresas. Nessa
hora ninguém se lembra da frase erroneamente atribuída a Milton Friedman e que
é a delícia dos liberais: “Não existe tal coisa como almoço grátis”. Se existe
lucro para dois, o terceiro (terceirizado) vai pagar o almoço.
O projeto de lei, claro, recebeu elogios de Levy o que pode
ser sinal de que o governo porá sua tropa de choque a serviço de sua aprovação
Os elogios de Levy pararam por aí, afinal não fica bem para
um ministro austero sair elogiando qualquer coisa que não tenha sido parida por
sua competência. O que fez o ministro foi dizer que o seguro desemprego é um
benefício superado. Ora, com os níveis de desemprego que temos os segurados por
esse programa são poucos ou, pelo menos, em número bem menor do que no tempo em
que foi implantado e nem deveriam ocupar o competente pensamento de Levy.
Economizar por essa via é como cortar o cafezinho dos funcionários da Petrobrás.
O governo (ou o ministro) também mira outros benefícios e
está impondo novas normas para sua concessão.
Se você se lembrou do Berzoini, que ocupava a pasta da Previdência no
primeiro governo Lula e que mandou pessoas com mais de 80 anos para a fila de
recadastramento, lembrou bem.