Que Alberto Youssef é bandido todos sabemos de longa data.
Entre os crimes mais leves que praticou está o perjúrio numa delação premiada,
isso ainda na CPI do Banestado.
Por incrível que pareça Youssef é novamente premiado pela
deduragem na CPI da Petrobrás.
A imprensa de direita quando relata as confissões
premiadíssimas de Youssef diz que se
trata do “doleiro” Youssef e não do bandido dando a entender que mercadejar
moeda estrangeira por debaixo dos panos é algo de menor poder ofensivo para a
sociedade. Sim, pois no Brasil certas atividades como o comércio ilegal de
moeda estrangeira, a lavagem de capitais e o enriquecimento sem causa, não
causam a indignação dos meios de comunicação como causam os furtos cometidos
por menores infratores “em plena luz do dia” ou a venda de maconha na favela
pacificada. Chamar Youssef de doleiro é quase uma atenuante na sua longa ficha
criminal. Quem usa de doleiros para lavar dinheiro não são menores que furtam
em plena luz do dia nem o cara da boca e sim os que financiam partidos,
telejornais e concursos de miss. Essa gente tem nos doleiros uma ferramenta de
seus negócios e costuma aparecer na capa de Veja como empresário do ano, líder
da oposição ou reserva moral da nação.
Do outro lado do balcão, as publicações mais alinhadas com o
governo tratam Alberto Youssef com os devidos epítetos e desacreditam sua
delação. Isso, claro, quando o alvo das acusações do bandido são figuras
importantes do PT como Vaccari Neto, o tesoureiro que confessou na CPI da
Petrobrás ter ido visitar Youssef a convite deste. Mas quando Youssef aponta
seu dedo de veludo para os opositores, sistemáticos ou eventuais, do governo, a
coisa muda e o que diz Youssef vira matéria da imprensa alternativa sem que
nenhuma objeção seja feita ao caráter do denunciante ou à sua óbvia estratégia
de vender silêncios e negociar prêmios.
A cada semana, a cada denúncia, temos um Youssef diferente. Ou
melhor: um Youssef de ocasião para todo gosto e uso.